A escassez de determinados produtos químicos no Reino Unido devido aos problemas de abastecimento criados pelo ‘Brexit’, agravados pela pandemia covid-19, levou a Agência Ambiental Britânica a permitir descargas de águas residuais não tratadas.
Numa nota divulgada no seu site, o órgão público informa as empresas que “pode não ser possível cumprir (as condições) da sua autorização” para a realização de descargas devido “ao novo relacionamento do Reino Unido com a União Europeia”, o coronavírus e outras” falhas inevitáveis da cadeia de abastecimento”.
Nesses casos, as empresas poderão “despejar efluentes sem cumprir as condições da licença”, informa a agência, desde que seja feito por escrito um pedido de autorização.
As autorizações serão concedidas se as empresas demonstrarem que tomaram “todas as medidas razoáveis” para obter os produtos químicos necessários, mas sem sucesso.
Fonte do Ministério do Ambiente disse ao jornal The Guardian que em causa está a potencial falta de sulfato ferroso, uma solução usada para eliminar o crescimento de algas, e que a medida é, por enquanto, uma precaução para o caso de a situação acontecer.
Um estudo da Associação da Indústria Química publicado hoje indica que 96% dos seus membros estão com problemas de abastecimento, nomeadamente empresas do setor de combustíveis ou do tratamento de águas, devido a problemas com os transportes.
A falta de químicos para tratar as águas é outro exemplo de produtos cuja escassez tem sido registada nas últimas semanas sobretudo devido à falta de motoristas de veículos pesados, muitos dos quais europeus, que terão deixado o Reino Unido durante a pandemia.
A nova relação com a União Europeia e o sistema de imigração pós-Brexit, em vigor desde 01 de janeiro, implica que o recrutamento de profissionais europeus seja mais complicado e não existe mão-de-obra qualificada para satisfazer a procura.
A Confederação de Recrutamento e Emprego do Reino Unido (REC) estima que havia 1,66 milhões de vagas de emprego no Reino Unido no final de agosto, das quais cerca de 100.000 eram trabalhos em transportadoras.
Problemas de logística e abastecimento obrigaram vários supermercados e redes de restaurantes a reduzir a oferta, entre outros inconvenientes.
Os mesmos problemas também forçaram o sistema de saúde pública a limitar os exames de sangue aos mais urgentes devido à falta de materiais e poderá atrasar a campanha de vacinação contra a gripe, segundo a imprensa britânica.
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