Mário Nogueira falava numa concentração que reuniu, na Praça Joaquim de Melo Freitas, em Aveiro, centenas de professores afetos a diferentes sindicatos, naquela que o próprio classificou como “uma das maiores manifestações de sempre em Aveiro”.
“Vamos divulgar as atas das reuniões negociais com o Governo e lançamos o desafio às outras forças sindicais a fazerem o mesmo”, disse Mário Nogueira, justificando que “não é por desconfiança, mas porque os professores têm direito a saber o que ali se diz”.
O dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof) salientou que defendeu “uma mesa única na ronda negocial, mas nem todos o quiseram”.
“É preciso estarmos todos juntos na luta”, sublinhou.
Durante a sua intervenção na Praça Melo Freitas, Mário Nogueira disse que o futuro da docência passa pela valorização da profissão de professor, tornando-a atrativa, e não pela captação de quem nunca o quis ser para dar aulas.
“Hoje não há quem queira ser professor”, disse, ilustrando que no ano passado se aposentaram 2.401 professores e são menos de metade os estudantes nos cursos de ensino, sendo que, já este ano, serão 500 a aposentar-se só até março.
Os porquês são para aquele dirigente sindical de vária ordem, a começar pela falta de progressão nas carreiras e de valorização profissional.
“Há quem esteja há 12 e 13 anos sem mudar de escalão”, exemplificou, reivindicando a “contagem integral do tempo de serviço” e deixando uma abertura ao Governo: “Façam-no, se necessário, de forma faseada como na Madeira, mas não pode é ficar tudo igual”.
A precariedade foi outro dos temas da sua alocução, referindo ser de 46 anos a média de idades dos que entram para o quadro e estimando em mais de 10 mil professores os que lecionam há mais de uma década sem entrar para o quadro, pelo que o anúncio, pelo governo, de que irá integrar cerca de cinco mil, não acaba com o problema.
“Esta não é a forma de atrair os jovens para a profissão”, concluiu.
Várias foram as escolas encerradas no distrito de Aveiro, sobretudo no norte, de acordo com as informações que foram sendo dadas pela manhã aos manifestantes, durante a greve que terá tido uma adesão perto dos 80 por cento, de acordo com fontes sindicais.
Estão a decorrer três greves distintas convocadas por várias organizações sindicais. A primeira foi uma iniciativa do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que em dezembro convocou uma paralisação por tempo indeterminado, que os professores têm cumprido de forma parcial, a apenas um tempo de aulas, e para a qual já foram entregues pré-avisos até 31 de janeiro.
No início do 2.º período, o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) iniciou uma outra greve parcial, esta ao primeiro tempo de aulas de cada docente, que se deverá prolongar até fevereiro e na segunda-feira arrancou uma greve total que se realiza por distritos durante 18 dias, convocada por uma plataforma de sindicatos que incluiu a Federação Nacional de Professores (Fenprof).
Os professores exigem melhores condições de trabalho e salariais, o fim da precariedade, a progressão mais rápida na carreira, e protestam contra propostas do Governo para a revisão do regime de recrutamento e colocação, que está a ser negociada com os sindicatos do setor.
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