Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Campo Maior, Luís Rosinha, diz que a sua “sugestão” passa por realizar o evento no próximo ano, por ser “mais seguro financeiramente” para o município e também atendendo ao “ponto de vista” económico do país e do mundo, nesta altura.
Realizadas por vontade popular, as seculares Festas do Povo de Campo Maior foram reconhecidas, em 2021, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Estas tradicionais festas são conhecidas por apresentarem dezenas de ruas, sobretudo no centro histórico, ‘engalanadas’ com milhares de flores de papel, feitas voluntariamente pela população, e realizaram-se, pela última vez, em 2015.
Após o período “mais crítico” da pandemia de covid-19 e da classificação da UNESCO, várias entidades e populares têm lançado o desafio para que a iniciativa possa vir a decorrer este ano, mas, até à data, ainda nenhuma decisão foi tomada nesse sentido.
O autarca explica que o município, que costuma fornecer o material e prestar alguma logística para a realização das festas, teve um ano económico “relativamente bom”, estando preparado para poder, “eventualmente”, ajudar o evento.
Mas, o “percalço” provocado pelos prejuízos causados pelo mau tempo no concelho, no dia 13 de dezembro, com inundações, cheias, danos em habitações, equipamentos municipais e na agricultura, levou a uma “mudança” de prioridades, lembra.
De acordo com Luís Rosinha “há uma mudança de prioridades” também “na mentalidade” do executivo, tendo a questão das Festas do Povo ficado “um tanto ou quanto de parte” daquilo que era a agenda política.
O concelho regista prejuízos provocados pelo mau tempo na ordem dos 3,9 milhões de euros, sem contabilizar os prejuízos causados no setor da agricultura, realça o autarca.
O município aguarda “a regulamentação” dos apoios anunciados pelo Governo, diz Luís Rosinha, acrescentando, contudo, que, “por aquilo que vai sendo as notícias” só espera “vir a ter apoios na ordem dos 60%”.
“Portanto, a câmara municipal, já para começar, tem 40% de gastos que não tinha no mês passado”, explica, esclarecendo, contudo, que não coloca de parte a realização das festas este ano porque “é claramente” uma decisão que não depende única e exclusivamente do executivo municipal, mas sim da vontade do povo.
Em declarações à Lusa, o presidente da autarquia alerta ainda para os problemas causados pela inflação, nos últimos tempos, sublinhando que o preço do papel para a elaboração das flores está “claramente num valor muito superior”, bem como o custo de outros materiais necessários para realizar o evento.
“Em vez de estarmos a falar, se calhar, num evento que, nos outros anos, custa em torno dos 1,2 a 1,3 milhões de euros, neste momento, podemos estar a falar em muito mais”, alerta.
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