Em declarações à imprensa na residência de Manecas dos Santos, veterano de luta armada pela independência da Guiné e antigo companheiro de Amílcar Cabral, as filhas do fundador do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) consideram de "ato indigno" o que se passou hoje na sede do partido, em Bissau.
Elementos das forças de segurança expulsaram da sede do PAIGC, situado a poucos metros do palácio da presidência, os militantes daquele partido que lá se encontravam em preparação para o seu 9.º congresso.
O secretário nacional do partido, Aly Hijazi disse que os agentes não apresentaram nenhum documento judicial que motivasse a invasão e expulsão de militantes, que se encontram, desde às primeiras horas de hoje, acantonados junto à sede da ONU, em Bissau.
Para Iva e Indira Cabral, "é absolutamente intolerável" o que se passou hoje na sede do partido, ainda mais por ter sido perpetrado pelas forças de segurança que "deveriam ser herdeiras dos combatentes" que lutaram pela independência do país.
As filhas de Amílcar Cabral afirmam que a atitude da polícia "fere de morte" o Estado de direito com que o seu pai sonhou criar na Guiné-Bissau.
"Condenamos com maior veemência a atuação das forças (de segurança) que tomaram de assalto a sede do PAIGC", disseram, numa mensagem lida por Indira Cabral, na qual pedem ainda que atos do género não voltem a acontecer.
"Não voltem a ofender a memoria do nosso pai e dos seus combatentes, tentando destruir o partido que eles criaram", afirmam as duas filhas de Amílcar Cabral, ambas delegadas ao congresso que se deveria iniciar na terça-feira.
A reunião foi impedida pela polícia que alega o cumprimento de ordens judiciais derivados de disputas entre alas antagónicas no partido.
Questionada sobre se o seu pai estivesse vivo qual seria a sua reação perante a situação, Iva Cabral, historiadora radicada em Cabo Verde, mas presença assídua nas atividades do PAIGC na Guiné-Bissau, afirmou que estaria "de certeza, como está" o atual líder do partido Domingos Simões Pereira.
"Revoltado, mas a lutar para o bem-estar do partido e do país", defendeu Iva Cabral.
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