De acordo com o último balanço do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), enviado às redações cerca das 13:30, na ilha do Faial, desde as 00:00, foram registadas 10 ocorrências.
“Já há muito tempo que não nos deparávamos com um cenário tão gravoso. A quantidade de água do mar é tão grande, tão grande, que as sarjetas e o escoamento pluvial não estão a dar vazão, daí a água estar a vir também para a rua principal da cidade”, explicou à Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários do Faial, Nuno Henriques.
Os agentes da PSP chamados ao local encerraram a avenida marginal da cidade ao trânsito e até a circulação pedonal foi condicionada numa parte do troço, para evitar que a forte ondulação provocasse danos pessoais, além das inundações em moradias e estabelecimentos comerciais.
“A onda bate contra as nossas janelas e entra por todos os lados”, revelou à Lusa a proprietária de uma loja de pronto a vestir, adiantando que os funcionários tentaram retirar tudo o que havia no armazém para evitar ficar danificado pela água salgada, mas lamentou não conseguir “dar vencimento” devido à força das ondas.
Ao lado, num talho, a proprietária do estabelecimento, que diz estar naquele espaço há mais de 30 anos, garante que não se lembra de o mar provocar tamanhos estragos nas moradias e no comércio da cidade: “Nunca aconteceu, mas nunca mesmo”.
O presidente da Câmara Municipal da Horta e responsável pelo Serviço Municipal de Proteção Civil, Carlos Ferreira, disse à Lusa que, além dos estragos em casas e estabelecimentos comerciais, há também a registar danos em equipamentos públicos e no terminal marítimo da Horta, que foi, entretanto, encerrado.
“Temos várias moradias e estabelecimentos inundados, danos também em infraestruturas públicas, quer do município, quer da Administração Regional. O terminal marítimo, gerido pela Portos dos Açores, está encerrado e com danos também bastante significativos”, realçou o autarca social-democrata, ressalvando que não há registar, no entanto, danos pessoais.
As ligações marítimas entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), que são asseguradas pela empresa Atlânticoline, foram também canceladas, devido à forte ondulação, e até o navio de transporte de mercadorias “Monte da Guia”, que estava a operar na Horta, foi obrigado a sair do porto comercial, devido ao rebentamento dos cabos de amarração.
Segundo o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), já foram contabilizadas, até ao dia de hoje, 53 ocorrências em seis ilhas, nomeadamente em São Miguel, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial, a maioria das quais relacionada com inundações de casas e via públicas, e quedas de árvores e de estruturas, na sequência da passagem pelos Açores da depressão Hipólito.
De acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), prevê-se que a depressão provoque um aumento da intensidade do vento, com rajadas entre os 100 e os 115 km/h e agitação marítima com ondas que podem atingir os sete metros de altura em todo o arquipélago, além de precipitação forte e trovoada.
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