O presidente francês convocou inesperadamente eleições legislativas em junho com o objetivo de obter "clareza" sobre o panorama político após a vitória da extrema-direita nas eleições europeias.
O resultado, no entanto, mergulhou a França num bloqueio político. Os três blocos que surgiram das eleições — esquerda, centro-direita e extrema-direita — ficaram longe da maioria absoluta de 289 deputados.
Nos últimos dias, o presidente tem mantido contatos para tentar tirar o país do impasse. De acordo com fontes próximas a Macron, era provável que fosse anunciado nesta quarta-feira quem dirigirá o futuro governo, mas, horas depois, a informação foi desmentida.
"Estamos a avançar. Os critérios do presidente continuam sendo a 'não censura' e a capacidade de formar coligação", disse uma fonte próxima ao mandatário, referindo-se ao facto de que Macron procura uma garantia de que o futuro governo não seja imediatamente rejeitado pelo Parlamento.
Dessa forma, tudo indica que Macron concluiu que os nomes que considerava até agora, o do ex-ministro de direita Xavier Bertrand e o do ex-primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve, não atendem aos critérios necessários. De facto, a equipa do presidente não insistiu nesta quarta-feira, como vinha a fazer há dias, que essas opções continuassem sobre a mesa.
Um conselheiro ministerial apontou que a opção de Bertrand "muito provavelmente" está descartada "a 100%", pois ele "nunca teria uma maioria para [aprovar] qualquer lei".
O nome de Michel Barnier, um ex-ministro conservador de 73 anos que também actuou como negociador do Brexit na UE, entrou nesta quarta-feira para a lista de possíveis candidatos.
De qualquer forma, quem for nomeado corre o risco de enfrentar uma moção de censura apoiada tanto pelo bloco de esquerda quanto pelo da extrema-direita, liderado pelo partido Reagrupamento Nacional (RN), ambos opostos a Macron.
Nas eleições legislativas, o RN e seus aliados obtiveram 142 deputados; a aliança de Macron, 166, e a coligação de esquerda Nova Fronte Popular, 193.
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