“Temos o exército preparado e disposto. Se [as autoridades do Minnesota] quiserem chamar o exército, podemos ter as tropas no terreno muito rápido”, afirmou Donald Trump, em declarações feitas aos jornalistas em Washington, antes da partida para a Flórida, onde assistiu ao lançamento da missão espacial Dragon Demo-2, da NASA e da empresa privada SpaceX.

O presidente apelidou os manifestantes de antifascistas e acusou-os de pertencerem à “esquerda radical”, considerando que as autoridades do Minnesota deveriam ser “mais duras e fortes, porque sendo duras a memória de George Floyd é honrada”.

Na segunda-feira, George Floyd, um afro-americano de 40 anos, morreu enquanto era detido pela polícia de Minneapolis, desencadeando uma onda de protestos e motins contra a brutalidade policial nessa cidade e noutras partes do país, desencadeando várias altercações.

O Governador do Minnesota, Tim Waltz, ordenou hoje a mobilização completa da Guarda Nacional (um corpo de reserva) para lidar com a situação em Minneapolis, onde um recolher obrigatório noturno declarado na sexta-feira com a duração de dois dias não conseguiu travar os protestos.

“A noite passada foi uma piada de que isto era sobre a morte de George Floyd. Foi atacar a sociedade civil, instigar o medo e perturbar as nossas grandes cidades. Temos visto mais gente de fora da cidade, isto é inaceitável”, opinou Waltz, que acrescentou que a “dinâmica” mudou desde terça-feira, quando as manifestações eram pacíficas.

Segundo o jornal The New York Times, que citou fontes oficiais, o Departamento de Defesa está a preparar o destacamento de unidades ativas da Polícia Militar em Minneapolis, a pedido de Trump, mas as fontes do jornal referem que a ordem atual de “preparação para o destacamento” não significa que sejam ativadas de imediato, embora este seja o primeiro passo.

A Guarda Nacional já foi ativada não apenas em Minnesota, mas também em outras partes dos Estados Unidos, como o estado de Kentucky, como geralmente acontece quando há distúrbios, mas o destacamento da Polícia Militar pressupõe uma escalada na resposta das autoridades.

O The New York Times recordou que essa força de segurança foi utilizada em 1992, durante os motins em Los Angeles, no estado da Califórnia, depois da absolvição de quatro polícias que espancaram o afro-americano Rodney King.

Nas declarações de hoje, Trump criticou a gestão do presidente da câmara de Minneapolis, Jacob Frey, garantindo que pertence à “esquerda radical”. Ainda antes, numa publicação no Twitter, o presidente tinha ironizado sobre o autarca.

“Nunca vai ser confundido com o falecido e grande general Douglas McArthur ou com o grande tenente general Gorge Patton. Como é possível que todos estes sítios que estão a ser tão mal defendidos sejam geridos por Democratas liberais? Mão pesada e lutem (e prendam os bandidos). Força!”, escreveu Trump.

Nas suas mensagens nessa rede social, o presidente insistiu nas críticas aos participantes nesses protestos, que considera serem “grupos organizados que nada têm a ver com George Floyd” e instou a uma celebração à MAGA, em referência ao lema eleitoral Make America Great Again (Fazer a América Grande Outra Vez), esta noite, na Casa Branca.

Quando questionado sobre a possível manifestação dos seus apoiantes na mansão presidencial, em contraste com a registada na sexta-feira contra a violência policial, Trump sublinhou que os seus seguidores são “gente que ama o seu país”.

“Eles amam pessoas afro-americanas, amam negros. MAGA ama as pessoas negras”, declarou.

Nos últimos três dias, a onda manifestações nos Estados Unidos já resultou em pilhagens, incêndios de veículos policiais e confrontos com agentes.

Na origem dos protestos está a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos, às mãos da polícia, depois de ter sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) num supermercado de Minneapolis.

Nos vídeos feitos por transeuntes e difundidos ‘online’, um dos quatro agentes, que participaram na detenção, tem um joelho sobre o pescoço de Floyd, durante minutos.

Os quatro foram já despedidos da força policial e o agente Derek Chauvin foi acusado de assassínio e homicídio involuntário. A mulher já anunciou o divórcio após os acontecimentos.

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