“Não vamos aceitar como é óbvio, porque não é só o dinheiro que está em causa. Há muitas outras coisas tão ou mais importantes do que o dinheiro. A reestruturação da carreira é muito mais importante do que uma esmola de 150 euros. Não vamos, provavelmente, aceitar isso, mas vamos falar com os nossos parceiros”, disse à Lusa José Azevedo, presidente do SE, que hoje esteve reunido com uma equipa do Ministério da Saúde para dar início a um processo negocial para a carreira dos enfermeiros.
Para a próxima terça-feira está já agendada uma segunda ronda negocial, para a qual o sindicato espera poder contar com a participação do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), a outra organização sindical representativa destes profissionais, que agendou uma greve para o início de outubro.
“Nós vamos reunir com eles na quinta-feira, na Ordem dos Enfermeiros, que serve de mediadora, e vamos ver se os nossos colegas querem aderir às nossas propostas, visto que são as que estão devidamente estruturadas com as necessidades dos enfermeiros. Se estiverem disponíveis, provavelmente não há necessidade de fazer a greve, porque não há necessidade de estarmos a negociar isto e ao mesmo tempo ameaçar com uma greve. Se não quiserem aderir, sigam o seu caminho, nós seguimos o nosso”, disse à Lusa José Azevedo.
“Estamos a estender a mão, se a quiserem apanhar muito bem. Não faz sentido termos duas mesas negociais”, acrescentou.
José Azevedo admitiu que as negociações com o Governo até podem ser breves, dependendo da vontade do executivo, frisando que hoje já houve negociações.
“Se nos assegurarem a revisão das carreiras nós temos praticamente o nosso projeto concluído e é fácil dá-lo por terminado e em pouco tempo podemos concluir as nossas negociações, assim haja vontade”, disse, referindo que é necessário que o Ministério da Saúde se aproxime dos valores propostos pelo SE.
O presidente do sindicato disse que “as propostas são reflexo de 10 ou 12 anos de estagnação” na carreira de enfermagem e lembrou as declarações do primeiro-ministro, António Costa, em entrevista no fim de semana ao Diário de Notícias, que disse que no descongelamento das carreiras previsto para 2018 os enfermeiros serão os mais beneficiados.
Os enfermeiros cumpriram cinco dias de greve na semana passada e reivindicaram a introdução da categoria de especialista na carreira de enfermagem, com respetivo aumento salarial, bem como a aplicação do regime das 35 horas de trabalho para todos os enfermeiros.
O braço de ferro entre enfermeiros e Ministério da Saúde prolonga-se desde julho, com a reivindicação da integração da categoria de especialista na carreira.
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