No entanto, contactada pela Lusa, fonte da administração da empresa disse que a greve não está a provocar “constrangimentos na receção de resíduos” e referiu que “as viaturas municipais que se dirigiram hoje à Valorsul tiveram as portas abertas e estão a entrar, de forma ordeira e pacífica, para descarregar os resíduos urbanos recolhidos”.
Os trabalhadores da Valorsul, empresa responsável pelo tratamento de resíduos nas regiões de Lisboa e Oeste, iniciaram um conjunto de paralisações que começaram às 00:00 de segunda-feira e se prolongam até às 00:00 de sexta-feira.
Esta é a segunda vez, no espaço de um mês, que os trabalhadores da Valorsul fazem greve, tendo a última ocorrido entre 8 e 12 de maio.
Em declarações à agência Lusa, Mário Matos, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE/CRSA) e também trabalhador na empresa, referiu que o protesto está a ter “uma elevada adesão”, funcionando apenas com serviços mínimos.
“A adesão dos trabalhadores nas unidades que têm estado em greve tem sido elevada. A central está paralisada, desde que começou a greve, e as outras unidades também têm tido uma boa adesão”, descreveu o sindicalista.
Mário Matos explicou que no caso da central incineradora, localizada em São João da Talha, concelho de Loures, a greve está a ser feita “turno sim, turno não” (duração de oito horas) e se prolonga até sexta-feira.
Relativamente às outras unidades da Valorsul, o sindicalista referiu que o aterro sanitário de Mato da Cruz (concelho de Vila Franca de Xira) está encerrado desde terça-feira, devido a uma paralisação de 48 horas que se prolonga até quinta-feira, e que a Estação de Tratamento e Valorização Orgânica “trabalhou a meio gás” na segunda e na terça-feira.
Na quinta e sexta-feira será a vez de paralisarem os trabalhadores do Centro de Triagem e recolha seletiva.
Segundo Mário Matos, os motivos da greve têm a ver com aumentos salariais de forma a permitir a recuperação do poder de compra devido à inflação, 35 horas de trabalho semanais para todos os trabalhadores, cumprimento integral do acordo de empresa e a valorização das carreiras dos trabalhadores.
“A administração não dá resposta às nossas reivindicações, que passam pelos aumentos salariais, pela redução do horário semanal para as 35 horas e, até ver, ainda não tivemos qualquer resposta da administração”, lamentou.
O sindicalista sublinhou que “dada a ausência de respostas da administração tudo está em cima da mesa”, nomeadamente a realização de uma greve durante a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza entre 01 e 06 de agosto.
“Nada está descartado. Tudo vai ser avaliado. Na sexta-feira iremos discutir os próximos passos”, apontou.
A fonte da administração da Valorsul contactada pela Lusa disse ainda que só no final da semana será possível “aferir e comunicar a real adesão à greve”, já que se trata de uma paralisação “descontinuada”, mas assegurou que a empresa está a acompanhar a situação de perto para “tenha o menor impacto possível junto da comunidade”.
A Valorsul, com cerca de 450 trabalhadores, é a empresa responsável pelo tratamento e valorização dos resíduos recicláveis e resíduos sólidos urbanos produzidos em 19 concelhos das regiões de Lisboa e Oeste.
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