“[…] Tirando uma lota com algum significado, que é Sesimbra, as restantes, praticamente, estiveram encerradas. Numa ou em outra lota esteve apenas um trabalhador a fazer alguns serviços”, afirmou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (Simamevip) Frederico Pereira, em declarações à Lusa, ressalvando que ainda não tem números concretos de adesão.
A Lusa contactou a Docapesca, mas não obteve resposta.
O sindicalista disse ainda que em algumas lotas foram utilizados trabalhadores “de forma ilegal”, tendo já sido apresentada uma queixa formal.
Num comunicado divulgado na terça-feira, o Simamevip, afeto à CGTP, já tinha considerado “inaceitável” a proposta da Docapesca de um aumento de 10 euros para os trabalhadores que ganham o salário mínimo nacional.
A estrutura sindical lamentou também a proposta de haver autorização governamental para aumentar, a partir de julho, em 20 euros, os trabalhadores que auferem remunerações até 750 euros e os restantes em 10 euros.
O sindicato disse, na altura, que a empresa propôs também iniciar negociações para a revisão global das tabelas salariais, com produção de efeitos em 2023, isto se as formas de luta fossem levantadas.
Frederico Pereira lamentou que os trabalhadores ainda não tenham recebido qualquer ‘feedback’ da empresa, sublinhando que, após a greve, o sindicato está disponível a continuar a negociar.
Os trabalhadores da Docapesca voltam à greve no sábado e na segunda-feira.
“Depois logo se verá, sendo que temos alguma expectativa de que haja uma alteração por parte do Governo, autorizando a que sejam apresentados outros números”, concluiu.
Na quarta-feira, a Docapesca lamentou o impasse negocial com o sindicato da CGTP, considerando que a proposta que fez beneficiaria os trabalhadores e disse que a greve de três dias irá penalizar a economia.
“A Docapesca continua empenhada em melhorar as condições dos seus, assim como em minimizar as gravosas consequências de mais esta greve, que irá afetar negativamente a atividade económica do país, num contexto de forte incerteza que se vive como resultado do conflito no leste europeu”, referiu, em comunicado, a empresa pública responsável pela gestão dos portos de pesca e organização da primeira venda de pescado em Portugal Continental.
Segundo esta empresa, as negociações com os sindicatos Simamevip (CGTP) e Sindepescas (UGT), que estavam interrompidas desde março de 2022, foram recentemente retomadas, pois reconheceu ser baixo o valor do salário mínimo nacional pago a 60% dos trabalhadores, pelo que iniciou “um processo de revisão da tabela salarial, com impacto nos próximos anos, e um ajuste imediato nos escalões da tabela, a qual remonta a 2018”.
A Docapesca referiu que as estruturas sindicais reconheceram a importância da retoma negocial, mas “não demonstraram concordância com o valor do ajuste imediato às remunerações, inicialmente apresentado”, pelo que fez uma nova proposta, desta vez de um aumento salarial de 20 euros a todos os trabalhadores que auferem remunerações até 750 euros e um aumento de 10 euros para os restantes trabalhadores, com efeitos a 01 de julho de 2022.
Contudo, acrescentou, que o sindicato afeto à CGTP voltou a recusar proposta e manteve o pré-aviso de greve para os dias 09, 11 e 13 de junho.
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