“O pior ano de sempre foi 2020, com 59.077 visitantes”, afirmou Carlos Alberto, justificando com a pandemia, que determinou o encerramento do complexo no concelho de Porto de Mós, distrito de Leiria, entre 15 de março a 31 de julho.
Excetuando 2020, “o ano mais fraco foi o de 2012, com 72.020 visitantes”, quando o país vivia sob a alçada da ‘troika’.
Segundo Carlos Alberto, em 2019, as grutas tiveram 140 mil visitantes, sendo que os dois primeiros meses de 2020 “auguravam um bom ano”, pois “em janeiro e fevereiro houve um acréscimo de 20% de visitantes” face ao período homólogo de 2019.
“O mês de agosto foi praticamente normal em termos de afluência, mas muitas pessoas não conseguiram visitar porque as filas eram demasiadas extensas e chegámos a ter de colocar a placa ‘lotação esgotada’”, referiu.
As grutas reabriram na terça-feira, dia em que recebeu de imediato visitantes.
“Na quarta-feira de manhã tivemos o dobro do movimento do dia anterior”, observou Carlos Alberto, perspetivando um “ano que vai ser bom” se o país “entrar numa normalidade”.
“O que temo é que se não houver uma consciencialização das pessoas isto possa voltar atrás. Começamos a ver o abandono da máscara, as esplanadas cheias sem condições…”, comentou, explicando que, apesar do encerramento, o complexo manteve os 21 funcionários – e contratou um outro -, tendo recorrido à ajuda do Estado.
“Tivemos apoio em vários programas. Se não fossem estes apoios, era difícil retomar a atividade, pois a faturação caiu abruptamente”, esclareceu, manifestando o desejo de que “o país não feche outra vez”.
As Grutas de Mira de Aire abriram ao público em 14 de agosto de 1974 e até 31 de dezembro de 2020 receberam 7.183.618 visitantes com entradas pagas.
“O melhor ano de sempre foi 1976, quando as grutas registaram 306 mil visitantes”, adiantou Carlos Alberto, exemplificando que num dia apenas, em 13 de setembro desse ano, as grutas receberam 13.500 pessoas.
Carlos Alberto salientou que hoje tal não sucederia, devido à questão da proteção ambiental, adiantando que, no início, “as grutas eram passagem obrigatória para as pessoas que iam a Fátima” e as “excursões vinham em catadupa”.
“No passado sentíamos o peso muito grande da proximidade de Fátima, com as pessoas a aliarem a visita ao santuário com a vinda às grutas. Agora, há muita gente que procura conhecer propositadamente as grutas”, afirmou.
Por outro lado, “há um crescimento do turismo associado ao ambiente e do turismo espeleológico, que é efetivamente fomentado em grande parte por uma associação internacional [International Show Caves Association] de que as grutas de Mira de Aire fazem parte”, adiantou.
Segundo o administrador, 45% dos visitantes são estrangeiros e os restantes nacionais. Num ano normal, os alunos, nacionais e estrangeiros, representam entre 15 mil e 20 mil visitantes.
Com 600 metros de comprimento e 110 de profundidade visitáveis, atualmente “já se conhecem 11 quilómetros de gruta com uma profundidade máxima de 230 metros”, destacou.
Além das grutas, o complexo inclui um parque aquático, cuja data de reabertura está dependente das medidas da Direção-Geral da Saúde, e 13 unidades de alojamento ‘bungalows’, com capacidade para 52 pessoas, além de um espaço de restauração, bar e loja.
No interior da gruta, há uma sala de eventos e uma zona de estágio e prova de vinhos, onde “a Casa Ermelinda Freitas tem 13.500 garrafas de vinho”, referiu Carlos Alberto.
O complexo apresenta ainda o Museu do Fóssil e o Centro de Interpretação do Maciço Calcário Estremenho, este último de entrada livre, assim como o moinho de vento, duas exposições, uma de fotografias alusivas aos 70 anos de espeleologia nas Grutas de Mira de Aire e outra de rochas minerais e fósseis, e a quinta pedagógica.
“O que espero é que o país não feche outra vez”, acrescentou Carlos Alberto.
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