“Acabo de enviar mensagens às famílias de Noa Argamani e Shalomi Ziv, que recebi na semana passada, para expressar o meu alívio porque tanto eles como outros dois reféns estão agora livres”, assinalou numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).

Guterres também emitiu um apelo para a libertação “imediata e incondicional de todos os reféns” e para “o fim da guerra”, na qual, segundo o grupo islamita Hamas, já foram mortos mais de 36.800 palestinianos na Faixa de Gaza na sequência da ofensiva do Exército israelita após os ataques de 7 de outubro de milícias palestinianas.

Em paralelo, a relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, assinalou na mesma rede social que, apesar de estar “aliviada pela libertação de quatro reféns”, esta ação “não devera ter-se efetuado à custa de pelo menos 200 palestinianos, incluindo crianças”.

O balanço desta operação militar implicou a morte de pelo menos 210 palestinianos e mais de 400 feridos, segundo as autoridades de Gaza, controlada pelo movimento islamita de resistência palestiniana Hamas.

Albanese assegurou que a operação israelita em Nuseirat constitui “uma camuflagem humanitária a outro nível” e que Israel “utilizou os reféns para legitimar matar, ferir, mutilar, matar de fome e traumatizar palestinianos em Gaza”.

“Israel poderia ter libertado todos os reféns, vivos e intactos, há oito meses, quando se colocou sobre a mesa o primeiro cessar-fogo e a troca de reféns. No entanto, Israel rejeitou-o para prosseguir a destruição de Gaza e dos palestinianos como povo”, frisou.

Para além de Argamani e Ziv, os dois outros reféns são Andrey Kozlov e Almog Meir Jan, todos sequestrados durante o festival de música Supernova, um dos principais objetivos dos atentados de 7 de outubro passado.

Segundo o Exército israelita, a libertação ocorreu no decurso de uma operação simultânea contra esconderijos das milícias do Hamas “no coração do acampamento de refugiados” de Nuseirat.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Telavive lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento perto de 37.000 mortos e pelo menos 82.000 feridos segundo o Hamas, classificado como “organização terrorista” por Israel, União Europeia e Estados Unidos.

Calcula-se ainda que 10.000 palestinianos permanecem soterrados nos escombros após cerca de oito meses de guerra, que também está a desencadear uma grave crise humanitária.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Também na Cisjordânia e em Jerusalém leste, ocupados por Israel, pelo menos 510 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou por ataques de colonos desde 7 de outubro, para além de cerca de 9.000 detidos desde essa data.