A 13 de maio de 1981, vários tiros foram disparados na praça de São Pedro, em Roma. Uma das balas que saiu da arma do turco Ali Agca atingiu o Papa João Paulo. Passaram 40 anos e a memória ainda perdura.
Na passada quarta-feira, o Papa Francisco assinalou o aniversário da primeira aparição de Fátima e lembrou o atentado.
“Ele [Papa João Paulo II] sublinhou com convicção que devia a sua vida à Senhora de Fátima. Este acontecimento dá-nos a consciência de que a nossa vida e a história do mundo estão nas mãos de Deus”, disse Francisco.
João Paulo II deslocou-se pela primeira vez a Fátima em 12 de maio de 1982, para agradecer ter sobrevivido ao atentado, um ano antes, na Praça de São Pedro, em Roma. Na Cova de Iria, viria a ser vítima de um novo ataque contra a sua vida, perpetrado pelo espanhol Juan Fernández Krohn, padre tradicionalista que usava um punhal.
Apesar disso, João Paulo II regressaria por mais duas vezes a Fátima, em maio de 1991, exatamente 10 anos após o atentado em Roma, e em maio de 2000, para beatificar os videntes Francisco e Jacinta Marto. Foi canonizado em abril de 2014.
Na homilia da celebração de hoje, D. José Tolentino Mendonça recordou também João Paulo II.
"Há 39 anos, o Papa São João Paulo II presidia a esta eucaristia 'para agradecer à Divina Providência, neste lugar, que a Mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular', ter sido poupada a sua vida ao atentado na Praça de São Pedro em Roma", começou por dizer.
"E o apelo de João Paulo II é que se reconhecesse em Fátima a preparação de um tempo espiritual novo. E dizia: 'a mensagem de Nossa Senhora de Fátima, tão maternal, se apresenta ao mesmo tempo tão forte e decidida. [...] É como se falasse João Baptista nas margens do rio Jordão. [...] Esta mensagem é dirigida a todos os homens. [...] E objeto do seu desvelo são todos os homens da nossa época e, ao mesmo tempo, as sociedades, as nações e os povos'", concluiu.
Uma coroa “de valor incalculável”
A bala extraída do corpo de João Paulo II, depois do atentado em Roma, foi colocada na coroa da Imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Oferecida pelas mulheres de Portugal, numa campanha de recolha de peças de joalharia, em agradecimento à Virgem de Fátima pelo facto de o país não ter tomado parte na II Grande Guerra, a coroa preciosa da Imagem de Nossa Senhora de Fátima é uma criação da Casa Leitão & Irmão, Antigos Joalheiros da Corôa. Embora tenha sido oferecida em 1942, só após o término da guerra foi colocada na escultura, em 13 de maio de 1946.
“A peça é composta por 8 gomos que se juntam para suportar a esfera que se faz símbolo do orbe terrestre, rematada por cruz cujo braço transversal sustenta dois pendentes. Na base, os gomos são circundados por estrutura à maneira de diadema, ornada com motivos fitomorfos cravejados de brilhantes”, pode ler-se em informação divulgada pelo Santuário de Fátima.
O jornal oficial do Santuário, por altura da oferta desta peça, descrevia deste modo a coroa: “A coroa pesa 1.200 gramas. Nela refulgem 950 brilhantes de 76 quilates, 1.400 rosas de 20 quilates, 313 pérolas, 1 esmeralda ronde de 3,97 quilates, 13 esmeraldas pequenas, 33 safiras, 11 rubis, 260 turquesas, 1 ametista e 4 águas-marinhas. Total: 313 pérolas e 2.650 pedras”.
Contudo, apenas em 1989, a coroa recebe uma última “jóia”: a bala que ferira João Paulo II e por este oferecida ao bispo de Leiria, em 1984. O objeto foi encastoado “no orifício que existia na parte inferior do globo de turquesas, no eixo da cruz”.
“Se a coroa era já, quer pelas razões da sua materialidade, quer pelas razões relacionadas com a devoção, uma peça de grande valor, a partir dessa data auferiu um valor incalculável”, pode ler-se.
De recordar que a coroa preciosa apenas é colocada na imagem de Nossa Senhora de Fátima todos os dias 13, entre maio e outubro; no dia 15 de agosto, solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria; e no dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. Nos restantes dias, a imagem apresenta uma das coroas secundárias de prata fundida cinzelada e dourada, oferecidas a Nossa Senhora de Fátima pelas religiosas do Instituto das Irmãs de Santa Doroteia e pelas Alunas dos Colégios deste Instituto.
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