O “retrato robot” é feito juntando as médias e os números mais relevantes de um estudo que junta cientistas agrupados numa plataforma na internet, que é hoje apresentado e a cujos dados a Lusa teve acesso.
Os dados são sobre quem são, onde estão e o que fazem os cientistas portugueses no mundo e são hoje conhecidos numa conferência sobre “Ciência Portuguesa pelo Mundo”, no âmbito do primeiro ano da rede GPS (Global Portuguese Scientists), uma plataforma digital que junta cientistas, especialmente na diáspora, criada por iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A rede GPS tem atualmente 3.315 membros e estão inscritos 1.748 cientistas GPS (números na página oficial www.gps.pt, em atualização), cientistas portugueses que tiveram estadas no estrangeiro de mais de três meses, podendo estar atualmente em Portugal ou não.
De acordo com os números do GPS, os portugueses espalham-se por 84 países sendo que a maior parte está no Reino Unido (20%), seguindo-se os Estados Unidos (15%), Alemanha, França, Holanda e Espanha.
João Marques, professor do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, da Universidade de Aveiro, que coordenou o estudo, disse à Lusa que a rede de cientistas portugueses chega por exemplo à Austrália e Nova Zelândia, mas salientou que até na Antártida se fala em português (um cientista já lá trabalhou e regressou e está lá atualmente outro cientista).
A distância média a que cada cientista está de casa é de pouco mais de 3.500 quilómetros, um valor que não se tem alterado nos últimos anos, e a maior parte desses cientistas (59,4%) são da área das ciências naturais, seguindo-se as ciências médicas e a engenharia e tecnologia.
Segundo João Marques em termos de género há uma ligeira supremacia das mulheres (50,3%), uma situação que não se tem alterado ao longo dos anos, sendo de 36 anos a média de idades dos investigadores portugueses no estrangeiro, com os homens ligeiramente mais velhos (37,6 anos) do que as mulheres (34,5).
“A média de idades aumentou, mas mais significativa foi a dispersão de idades “, disse João Marques à Lusa, acrescentando que na análise se concluiu que o tempo médio de tempo no estrangeiro é de 38 meses, 41 meses para os homens e 35 para as mulheres.
Ainda de acordo com o estudo que vai ser hoje divulgado, 38% dos que deixaram o país eram investigadores doutorados, seguindo-se os alunos de doutoramento e os investigadores não doutorados.
David Marçal, coordenador da rede GPS, embora admitindo que não se sabe quantos cientistas portugueses estão no total fora do país, disse à Lusa que a rede GPS será representativa dessa realidade e que espera ver a rede a continuar a alargar-se.
No primeiro ano de funcionamento, acrescentou, houve “uma adesão extraordinária”, muito devido à contribuição de associações de investigadores portugueses no estrangeiro (Alemanha, França ou Estados Unidos, por exemplo).
Explicando que o GPS inclui também investigadores que sempre viveram em Portugal, o responsável justificou: “nós queremos que o GPS seja um ponto de encontro e não um clube fechado”.
No primeiro ano de GPS, disse também, os investigadores criaram mais de 100 grupos, desde grupos geográficos a grupos de âmbito disciplinar, e a plataforma “contribuiu para aumentar a visibilidade da diáspora científica portuguesa”.
“A ideia é que o GPS estabeleça colaborações científicas e interações sociais”, disse, reafirmando a vontade de que a plataforma continue a crescer, sendo hoje mais um momento para isso, na cerimónia que assinala o primeiro ano e na qual deverá estar presente o Presidente da República.
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