
Paulo Viana concorre a deputado municipal [councillor] pelos Liberais Democratas e acredita que a rede de conhecimentos que acumulou ao longo de duas décadas na vila de Leamington Spa, centro de Inglaterra, vai traduzir-se em votos.
"Estou confiante, claro que estou. Em Inglaterra, ganho de certeza absoluta", afirmou à agência Lusa este portuense de 52 anos, também candidato repetente nas eleições legislativas portuguesas pelo círculo da Europa, desta vez pelo Partido Popular Monárquico (PPM).
Viana diz ter feito muitas amizades ao longo dos anos nos diversos empregos que teve em fábricas e empresas da região com britânicos e portugueses, mas também imigrantes de outras nacionalidades.
"Eu quero ser o elo de ligação entre a comunidade portuguesa e a comunidade inglesa. Neste momento, não existe. Ao mesmo tempo, quero dar assistência também às outras comunidades: paquistanesa, do Bangladesh, polaca, romena", afirmou.
Militante ativo do partido centrista britânico, diz partilhar dos mesmos valores de consciência cívica, preocupação pelo ambiente, inclusão social, apoio ao serviço público de saúde e de oposição ao 'Brexit'.
"Foi o único partido inglês que defendeu continuar na União Europeia", salientou.
Na sua campanha porta a porta tem falado da necessidade de mais habitação, mais cuidadores de apoio domiciliário, investimento nos serviços de saúde e melhorias das estradas.
Vítima de um acidente de viação em 2003, um ano depois de chegar ao Reino Unido, que resultou na amputação parcial da perna esquerda, Paulo Viana está determinado em não deixar-se limitar pelas dificuldades motoras.
"Eu quero ser conhecido como a pessoa que está disponível para ajudar. O meu objetivo é este. Enquanto eu tiver saúde, eu vou lutar. Quero que os ingleses entendam que os portugueses são uma comunidade com a qual eles podem contar", disse.
Em Kingsbridge, no sudoeste de Inglaterra, Gonçalo Sousa vai cumprir um interesse antigo na política, sendo candidato pelo Partido Reformista, conhecido pelas políticas anti-imigração, com as quais se identifica.
"A história da imigração é um total absurdo. Está sem controle absolutamente nenhum, a descaracterizar por completo o Reino Unido", disse à Lusa.
Farmacêutico de profissão, o funchalense de 49 anos acredita tanto no direito de os países controlarem as suas fronteiras que ele próprio aceitaria sair se as autoridades britânicas lhe dessem ordem para deixar o país de acolhimento, onde vive há 12 anos.
"Eu ia porque eu respeito. Qualquer país tem a legitimidade de decidir de acordo com os seus valores e os seus interesses", adiantou este "apoiante fervoroso do Brexit".
A vila de Kingsbridge, no condado de Devon, a cerca de 50 quilómetros de Plymouth, situa-se numa região sobretudo rural e tem poucos portugueses.
Sousa ficou surpreendido com o apoio que recebeu de clientes e de pessoas durante a campanha porta a porta, na qual tem discutido questões como o imposto sucessório que o Governo trabalhista britânico quer impor sobre os agricultores, o mau estado das estradas e o encerramento de serviços públicos locais, como hospitais.
Em parte, reconhece, esse entusiasmo está relacionado com a crescente popularidade a nível nacional do Partido Reformista (Reform UK), liderado por Nigel Farage.
"O Reform está em alta, e é só uma questão de tempo até ganhar as eleições as eleições nacionais. Mas o mais importante é que as pessoas sintam uma mudança local e quanto mais cedo melhor. É por isso que eu sou candidato", enfatizou.
No entanto, o madeirense reconhece o desafio de concorrer contra um deputado municipal Liberal Democrata em funções há cerca de 20 anos.
A norte de Inglaterra, em Preston, a cerca de 50 quilómetros de Manchester, Joaquim Custódio também é candidato pelo Partido Reformista, ao qual aderiu por desilusão com outras formações partidárias britânicas.
Em Portugal, também foi um eleitor que votou em diferentes partidos e mais recentemente apoiou o Chega.
"É a primeira vez que eu me meto à frente. Sinceramente, eu não tenho nada a ver com política. Mas a oportunidade surgiu e eu vejo que estamos a chegar a um ponto de rotura", contou à Lusa Custódio, que anglicanizou o primeiro nome para 'Joe'.
Natural do Estoril, mudou-se em 2017 para o Reino Unido e nos últimos anos notou um grande aumento do custo de vida, que atribui em parte aos impostos, e também se queixa da degradação das infraestruturas.
"Eu vejo os problemas que temos aqui. As estradas têm buracos, alguns caminhos [pedonais] estão completamente ao abandono. Há mais insegurança, incidentes com facas e assaltos, que raramente se viam aqui", enumerou.
Custódio também está preocupado com os problemas de adaptação de crianças às escolas agravados pelos confinamentos durante a pandemia covid-19.
Dono de uma empresa de 'design' gráfico de páginas de Internet, afirma não ter ligações à comunidade portuguesa e gosta de Preston pelo "sentido de comunidade", apesar de ser uma cidade.
"Eu estou confiante que vamos ganhar e dar uma volta nisto. Vai ser um voto de protesto depois das eleições legislativas porque ninguém está contente com o Partido Trabalhista", estimou.
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