“Apelo a todas as pessoas que têm redes sociais que difundam a ideia de criar um movimento grande, intenso, de uma grande multidão para ir esperar Chico Buarque ao aeroporto, quando vier a Lisboa receber o prémio Camões”, disse Hélia Correia.

O apelo, feito perante quase 200 pessoas que hoje ouviram a escritora no Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos, foi assumido como “uma resposta ‘anti-medo’” à intenção manifestada pelo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, de não assinar o diploma do Prémio Camões concedido ao compositor e escritor Chico Buarque.

Na sessão em que debateu com a jornalista Ana Sousa Dias “O medo das palavras: o politicamente correto”, a escritora considerou “assustador” o que “se anda a passar ao nível de Governos [como no Brasil]” sobretudo quando “são governos eleitos”,

“Alguma coisa de muito perverso está a acontecer e não é só com os governantes, é também com as pessoas que os elegem”, afirmou.

Sem medo das palavras, Hélia Correia disse ainda que o seu mais recente medo “é que a língua portuguesa acabe”, devido à “subserviência escandalosa em relação à introdução de termos em língua inglesa”.

“Estamos a deixar-nos colonizar por outra língua, por comodismo”, disse, acrescentando ter tomado como causa a luta contra “esta colonização consentida” e deixando mais um apelo a que as pessoas “falem mais português”.

A conversa com Hélia Correia fechou hoje as mesas do Folio, depois de durante a tarde ter decorrido, na Tenda dos Editores, uma sessão sobre Chico Buarque, com Geovani Martins e Paulo Werneck, editor do compositor e escritor vencedor do Prémio Camões.

Chico Buarque voltará a estar em destaque no Folio no domingo, com a exibição do filme "Chico: um artista brasileiro”, cuja exibição foi recentemente proibida num festival de cinema no Uruguai, após a embaixada brasileira ter dito que o filme não deveria representar o Brasil.

O filme, que nunca foi apresentado em Portugal, será exibido este domingo, às 11:00, no auditório municipal da Casa da Música, em Óbidos.

O Folio encerra no domingo depois de cumpridas mais de 210 iniciativas em 450 horas de programação em torno da literatura.

Sob o tema “O Tempo e o Medo” mais de meio milhar de convidados de quatro continentes participam em 16 mesas de escritores, 12 exposições e 13 concertos que integram a programação.

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