Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente da Comissão de Festas de Nossa Senhora d'Agonia, António Cruz, explicou que os 60 anos da conclusão da construção do templo, que se assinalam este ano, "serão retratados numa parte" do cortejo, "tal como se de uma lição de história se tratasse".
No total, o cortejo incluiu 144 quadros, integra 30 carros alegóricos e mais de 3.000 figurantes, percorrendo 2.300 metros pelas principais artérias da capital do Alto Minho, demorando praticamente três horas.
António Cruz adiantou que "serão relembrados alguns dos momentos mais marcantes do monte de Santa Luzia, da edificação do templo do Sagrado Coração de Jesus, um ícone da arquitetura da cidade e de onde se avista uma das paisagens mais belas do mundo".
Projetado pelo arquiteto Ventura Terra, o templo de Santa Luzia, cuja construção decorreu entre 1904 e 1959, é hoje um ex-líbris de Viana do Castelo.
Segundo António Cruz, o tema escolhido para o cortejo histórico e etnográfico deste ano "está ainda presente na memória de muitos vianenses, quer através de memórias transmitidas pelos seus pais e avós, que assistiram ao início dos trabalhos, quer das vivências, em primeira mão, na fase final desta obra imponente".
As obras de construção do templo iniciaram-se em 1904 e foram interrompidas em 1910 com a Implantação da República e a consequente Lei da Separação do Estado da Igreja.
A construção foi retomada em 1926, sendo que os trabalhos exteriores prolongaram-se até 1943 e os interiores até 1959.
Benzido em 14 de junho de 1959, o Templo do Sagrado Coração de Jesus, é hoje um ex-líbris de Viana do Castelo.
A confraria de Santa Luzia, zela pelo templo-monumento desde 19 de março de 1884.
Entre 2014 e 2018, aquela confraria realizou um investimento global de dois milhões de euros no arranjo urbanístico e paisagístico daquela área.
Do zimbório existente no topo do templo, o ponto mais alto de Viana do Castelo, os visitantes avistam uma paisagem de vários quilómetros. De acordo com dados da confraria, entre 80 mil a 90 mil pessoas acedem (entrada paga) anualmente ao zimbório.
A componente histórica do cortejo incluirá ainda um "apontamento" sobre a vida do frade e beato português Bartolomeu dos Mártires, cuja canonização foi anunciada, em julho, pelo Papa Francisco.
Bartolomeu dos Mártires (nascido Bartolomeu Fernandes) nasceu em Lisboa em 03 de maio de 1514 e faleceu em Viana do Castelo em 16 de julho de 1590. O beato está sepultado no convento de São Domingos, que mandou construir em plena ribeira de Viana do Castelo.
António Cruz referiu ainda que "a parte etnográfica do cortejo irá "evocar a memória das paradas agrícolas, revivendo as vivências do monte, campo, rio e mar, alicerces da essência das gentes alto-minhotas".
"A apanha do sargaço, a pesca no rio Lima, os fiadeiros, as lides do campo, até às tradicionais pisadas e matanças do porco", especificou.
Este ano, o desfile integrará a Charanga da GNR, um gigantone francês, Isidore Court'orelle, de Lezennes, no norte de França.
Em 2019, as festas decorrem de 16 a 20 de agosto, com um orçamento de 599.686 euros.
Este ano, devido ao calendário, a festa prolonga-se por cinco dias com quatro noites de fogo-de-artifício, o cortejo histórico-etnográfico, a procissão solene em honra de Nossa Senhora d'Agonia, e a tradicional procissão ao mar e ao rio.
Outra das novidades prende-se com a mudança, para a manhã do primeiro dia de festa, dos cumprimentos das mordomas às autoridades.
O desfile das mulheres trajadas pelas principais ruas da cidade irá realizar-se, pelo segundo ano, à tarde, "conferindo maior dinamismo ao desfile e rigor ao momento dos cumprimentos".
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