Segundo a administração da estrutura que gere os hospitais da Feira, São João da Madeira e Oliveira de Azeméis, o novo serviço pretende ser "uma alternativa ao internamento convencional, proporcionando assistência contínua aos doentes" que, requerendo internamento e desejando cumpri-lo em casa, reúnam "um conjunto de critérios clínicos, sociais e geográficos que permitam a sua hospitalização no domicílio", sob acompanhamento de uma equipa especializada.
Para Miguel Paiva, presidente da administração do CHEDV, o projeto constitui "mais uma evolução com vista à modernização da estrutura organizativa do hospital" e representa "um passo fundamental no sentido da ambulatorização dos cuidados prestados" e da sua maior humanização.
Para essa evolução têm contribuído "os avanços da medicina, uma maior literacia dos doentes" e também uma maior sensibilidade do Governo para as vantagens clínicas e financeiras do internamento domiciliário, que atualmente já é custeado pela tutela "em 75% do valor", que o mesmo utente justificaria em contexto de acompanhamento hospitalar.
Com início marcado para 01 de novembro, a hospitalização domiciliária do CHEDV começará por aplicar-se a seis doentes que, residindo no concelho de Santa Maria da Feira, tenham domicílio "a uma distância máxima de 30 quilómetros ou 30 minutos do Hospital São Sebastião, de modo a garantir acessibilidade e resposta em tempo útil".
Pedro Tadeu, médico que coordena o novo serviço, admite que o arranque se faz com poucas camas, mas considera preferível apostar num crescimento gradual, à semelhança do verificado no Hospital Garcia de Orta, em Almada, que serviu de referência.
Isso não invalida que, "dentro de dois ou três meses", se possa dar início a uma expansão gradual do serviço até aos 15 internamentos simultâneos, num avanço cauteloso que se revelará "melhor do que fazer uma coisa megalómana e depois correr o risco de não ter capacidade de resposta".
Entre as vantagens da hospitalização domiciliária, o médico aponta a redução do risco de complicações pós-cirúrgicas, a menor probabilidade de traumatismo emocional, a diminuição do número de casos de reinternamento hospitalar e o decréscimo da taxa de infeção hospitalar.
O tratamento em casa facilita ainda uma melhor gestão clínica das camas disponíveis para internamento no hospital, o que, consequentemente, agilizará a resposta aos casos em lista de espera para intervenção cirúrgica.
A nova unidade irá funcionar 24 horas por dia com recurso a dois médicos, um farmacêutico, um assistente social e cinco enfermeiros, como os que há vários anos vêm assegurando na área de influência do CHEDV o seu serviço de Enfermagem no Domicílio, que reduziu "significativamente" os dias de internamento cirúrgico nas instalações físicas dos três hospitais da Feira, São João e Oliveira.
Só poderá candidatar-se a acompanhamento em casa, contudo, quem obedecer a uma lista de critérios, entre os quais um diagnóstico de doença aguda ou crónica agudizada (como insuficiência cardíaca descompensada, erisipelas, infeções respiratórias ou do trato urinário), comorbilidades controláveis na residência, ausência de contraindicações (como patologia psiquiátrica descompensada ou alcoolismo ativo) e apoio de um cuidador próprio e telefone pessoal.
O investimento envolvido na primeira fase da hospitalização domiciliária foi de aproximadamente 40.000 euros, suportados integralmente pelo CHEDV e aplicados em materiais e equipamentos específicos para a implementação do projeto.
Miguel Paiva diz que para as etapas seguintes "falta ainda concretizar a aquisição de uma viatura exclusivamente afeta ao projeto".
Por enquanto, o serviço dispõe apenas de um veículo provisório e já com vários anos de uso, estando a administração do CHEDV “recetiva a mecenato”, caso a comunidade queira ajudar.
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