"O excesso de temperatura e de humidade é prejudicial, uma vez que não é só um incómodo para os profissionais, que têm de estar concentrados e bem fisicamente, durante as intervenções, como correm o risco da sua transpiração cair sobre os doentes, sobretudo quando há implantação de próteses", justificou o diretor clínico do Hospital da Horta, Rui Suzano, em declarações à Lusa.
Por essas razões, a administração daquela unidade de saúde, que abrange os utentes de quatro ilhas (Faial, Pico, Flores e Corvo), deu indicações aos médicos para não efetuarem intervenções prolongadas e para "suspenderem as intervenções cirúrgicas nos dias mais quentes e mais húmidos".
Rui Susano referiu, porém, que o número de cirurgias canceladas devido à avaria no sistema de refrigeração é residual, quando comparado com as estatísticas dos anos anteriores, e estimou recuperar os níveis de produção cirúrgica até ao final do ano.
"Obviamente que há intervenções que foram canceladas", admitiu o diretor clínico, acrescentando que a administração e os profissionais de saúde farão "todos os esforços" para que esses casos sejam "solucionados até ao final do ano", quer no âmbito da produção normal, quer através de "produção acrescida".
Em causa está uma avaria do aparelho de refrigeração do bloco operatório que, segundo Rui Suzano, já não pode ser reparado, o que obriga à sua substituição (já prevista no novo concurso para a construção do centro de saúde, que será construído junto ao hospital).
"Vamos esperar que o concurso se resolva no mais curto espaço de tempo e esperar que, de facto, as condições climatéricas possam melhorar, para que os dois aparelhos de 'back up' consigam manter o bloco operacional", adiantou o profissional de saúde, lamentando que não seja possível adquirir num mercado um aparelho de refrigeração provisório para colmatar esta avaria.
O diretor clínico do Hospital da Horta afirmou, no entanto, que a avaria no sistema de refrigeração não origina o surgimento de bactérias hospitalares, ao contrário do que tem sido comentado por alguns utentes.
"As bactérias hospitalares são mais resistentes, têm maior capacidade de agressão, mas são mais ou menos as mesmas que existem no exterior do hospital", explicou Rui Suzano, sublinhando, porém, que o Hospital da Horta "não tem maior número de infeções" e que "nem o facto de haver mais humidade ou mais calor" fará com que a taxa de infeções aumente.
O Hospital da Horta, explicou, é monitorizado por instituições nacionais e os dados revelados até agora demonstram que a percentagem de bactérias hospitalares existente naquela unidade de saúde é semelhante ao resto do país.
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