Falando no lançamento da campanha “Braga respeita quem cuida”, João Porfírio Oliveira sublinhou que aquele número supera as notificações registadas no período pré-pandemia de covid-19.
“A violência no setor da saúde tem um elevado impacto e provoca importantes repercussões nas instituições hospitalares, afetando o desempenho dos profissionais e a qualidade da prestação de cuidados, pelo que a sua diminuição se revela um desafio não só em Portugal, como em todo o mundo”, defendeu.
Nesse sentido, o Hospital de Braga tem vindo a implementar diversas medidas que visam prevenir a violência, física e psicológica, no local de trabalho e apoiar as vítimas, como a criação do código de boa conduta “Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho”, a otimização da plataforma de registo de eventos adversos e a promoção da notificação por parte dos profissionais de saúde.
Segundo João Porfírio Oliveira, os balcões de atendimento dos internamentos e as consultas externas são dos locais mais sensíveis, pelo que foram dotados de botões de pânico.
O hospital promoveu ainda a reformulação dos gabinetes de consulta, para assegurar que existe sempre “um ponto de fuga” para o profissional, bem como a colocação de acrílicos nos balcões de atendimento das consultas externas.
Foi também implementado um sistema de botão de pânico portátil nos Serviços de Psiquiatria e de Urgência de Obstetrícia, um projeto-piloto que se pretende alargar para outros serviços do hospital.
O hospital também criou o Gabinete de Apoio ao Profissional.
“Não obstante, sentimos que é necessária uma ampla consciencialização da comunidade para os impactos da violência no setor da saúde, a sensibilização da sociedade para prevenção deste fenómeno e o incentivo da notificação de eventos adversos por parte dos profissionais de saúde.
Nesse sentido, foi hoje lançada a campanha “Braga respeita quem cuida”, que junta o hospital, a PSP, a Câmara, o Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) Cávado 1, o Sporting Clube de Braga, os Transportes Urbanos de Braga (TUB) e a Autoridade para as Condições do Trabalho.
A campanha passará pela colocação de cartazes de sensibilização em diversos espaços do hospital e em todos os ecrãs dos autocarros dos TUB, pela colocação de ‘outdoors’ e mupis por toda a cidade de Braga, a realização de uma formação da PSP para os profissionais de saúde do hospital e uma ação conjunta, em dia de jogo, com o Sporting Clube de Braga.
“Sabemos que o contexto da prestação de cuidados de saúde pode gerar ambientes vulneráveis, causadores de consequências para a saúde física e mental dos nossos profissionais, sendo por isso necessária uma ativa vigilância dos riscos associados e prontas ações para os mitigarmos”, disse ainda João Porfírio Oliveira.
Segundo números da Direção-Geral da Saúde, hoje mencionados na apresentação da campanha, 50% dos profissionais de saúde são vítimas, por ano, de violência física ou psicológica.
Em Portugal, por dia, pelo menos quatro profissionais de saúde são agredidos.
No ACES Cávado 1, e segundo o diretor executivo, Domingos Sousa, um inquérito feito há cerca de dois meses concluiu que 56% dos profissionais que ali exercem já foi vítima de violência.
Em 53% dos casos tratou-se de violência verbal, havendo ainda assédio moral (24%), violência física (10%) e assédio sexual (4%).
“Começa a ser uma situação avassaladora”, referiu Domingos Sousa.
Comentários