Confrontado em 2007 com a “ameaça dos CTT de acabar com o serviço” naquela freguesia caso a junta não assumisse os encargos pelo serviço postal, José Gonçalves criou um posto dos correios no edifício da autarquia e conseguiu que a comparticipação mensal dos CTT “subisse dos 400 para os 600 euros”, que fossem “recebidas comissões” e o serviço “fosse a tempo inteiro”.
Com as despesas da água e eletricidade e o salário do funcionário do posto dos correios a cargo da autarquia, no primeiro ano “o auferido pagou o salário do funcionário” e, até 2013, ano em que saiu da presidência da autarquia, “o posto dos correios deu lucro a partir do terceiro mês”, salientou à agência Lusa o ex-autarca.
Uma das duas freguesias de Gondomar que faz fronteira com o Porto, Valbom passou a ser procurado por idosos da cidade “que preferiam levantar a pensão longe de casa, mantendo-se a salvo dos assaltos”, recordou José Gonçalves de um serviço que apenas se viu impedido, por lei, de continuar a vender de certificados de aforro.
“Mas até isso se resolveu, usando-se a imaginação”, passando então a deslocar-se a Valbom uma funcionária da estação de São Cosme, em Gondomar, para fazer um “atendimento sob marcação”, explicou.
E com os contratos a serem revistos anualmente, foi “sendo chato” que se foi conseguindo “melhorar cada vez mais” as comissões pagas pelos CTT, numa “estratégia em que a fidelização dos clientes contou muito”, disse José Gonçalves, corroborado por Silvestre Sousa, o funcionário escolhido em 2007 pela junta de freguesia após o encerramento da estação.
“O facto de mantermos, praticamente, toda a oferta de serviços, fez com que nunca nos faltasse gente para ser atendida”, relatou à Lusa, dando conta de pessoas das freguesias vizinhas de Campanhã, no Porto, ou de Fânzeres, em Gondomar, que “preferiam trabalhar” com aquele posto dos correios.
Procurado por “pessoas de todas as faixas etárias”, o posto acrescentou, entretanto, a “entrega de compras feitas online” à sua oferta de produtos, beneficiando do facto de viver paredes meias com o posto local da PSP para gozar de “uma segurança particular” que faz com que “se trabalhe de forma muito tranquila”.
A saída de José Gonçalves coincidiu com a entrada em vigor do decreto que promulgou a criação das uniões de freguesias, vivendo hoje o posto de Valbom uma nova realidade em termos contabilísticos, uma vez que “suporta” em parte os encargos da então gestão autárquica ter feito nascer um novo posto do serviço postal na freguesia de Jovim, igualmente no edifício da autarquia.
Em declarações à Lusa, e reportando-se a 2017, o presidente da União de Freguesias de São Cosme, Jovim e Valbom, António Braz, revelou que a receita dos “dois postos de correio foi de 17.356,91 euros” enquanto a despesa só com salários dos dois funcionários “ascendeu aos 22 mil euros”.
Apoiando a vontade do anterior executivo de “criar em Jovim um serviço de proximidade que nunca existira”, frisou que a “pouca procura verificada gerou pouca receita” pelo que a afetação do funcionário do segundo posto a outras funções “será a aposta” do autarca para reduzir os custos.
A necessidade de afetar um segundo funcionário em Valbom vai levar de novo para a “mesa de negociações” o autarca e os CTT “a fim de que sejam conseguidas melhores contrapartidas” e o serviço “possa corresponder à crescente procura” ao mesmo tempo que procura garantir que o “número de reclamações possa diminuir”.
Comentários