"É natural que se este negócio for aprovado nós teremos de reagir, não sei dizer como, mas primeiro - enquanto gestor e cidadão - quero que este negócio não avance", afirmou Francisco Pedro Balsemão aos jornalistas, à margem da sua participação num debate no congresso, em Lisboa, da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações.
O presidente executivo do grupo que detém a televisão SIC voltou a reiterar aos jornalistas a posição que já tinha defendido no debate, de que é contra a integração vertical de empresas do setor dos media, considerando que este é "um mercado muito pequeno e sensível" e que "qualquer alteração terá impacto sobre o pluralismo e diversidade de expressão em Portugal".
"O engolir de um dos grandes grupos de comunicação social em Portugal, como é o caso da Media capital, pelo maior operador de telecomunicações e distribuição em Portugal vai criar um híbrido que terá impacto em todo o ecossistema mediático. Daí que a minha preocupação enquanto cidadão não é a SIC, é a Cofina, a RTP, a imprensa regional, são outros meios, porque vai restringir o investimento publicitário, a distribuição e os conteúdos", explicou-se.
A Altice anunciou em 14 de julho, dois anos depois de ter comprado a PT Portugal (Meo), que tinha chegado a acordo com a espanhola Prisa para a compra da Media Capital, dona da TVI, entre outros meios, numa operação avaliada em 440 milhões de euros.
Em 18 de setembro, a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) considerou, num parecer enviado à Autoridades da concorrência, que a compra da Media Capital (dona da TVI) pela Altice (dona da PT/Meo) não deverá ter lugar "nos termos em que foi proposta, pois "é suscetível de criar entraves significativos à concorrência efetiva" em vários mercados. Contudo, o parecer da Anacom não é vinculativo.
Neste processo, aguardado com expectativa é o parecer da ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que é vinculativo.
Quanto à venda de publicações que o grupo Impresa quer fazer, caso da Visão, o filho do fundador do grupo, Francisco Pinto Balsemão, disse apenas que o "processo está a decorrer" e que serão anunciadas as novidades quando as houver.
No início deste mês, a Impresa confirmou haver interessados na compra de revistas do grupo, depois de ter iniciado um processo formal de avaliação das suas publicações para apostar no audiovisual e no digital.
A Impresa Publishing detém os títulos Activa, Blitz, Caras, Caras Decoração, Courrier Internacional, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Telenovelas, TV Mais, Visão, Visão História, Visão Júnior e Expresso.
(Nota: O SAPO 24 é a marca de informação do portal SAPO, detido pela MEO, propriedade da PT, empresa da Altice)
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