O coordenador da PJ de Braga adiantou, em conferência de imprensa, que o suspeito, de 28 anos, é residente naquele concelho do distrito de Viana do Castelo, é operário da construção civil, está inserido social, profissional e familiarmente, acrescentando que na origem da sua atuação estará “o fascínio pelo fogo e pela movimentação dos meios” no combate aos incêndios.
António Gomes deu conta de que o detido, sem antecedentes criminais e com o 12º ano de escolaridade, é o principal suspeito de, pelo menos, 20 incêndios, que consumiram 120 hectares de floresta, entre abril e 28 de agosto deste ano, na zona entre a Ponte da Barca e o Lindoso, próxima do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
“Não poderei dizer se é um dos maiores incendiários do país. Mas a zona afetada tem grande potencial, pode provocar prejuízos avultadíssimos. Até pelo número de ignições, que são dezenas. Era um risco enormíssimo a sua conduta, a sua ação”, vinca Antonio Gomes.
O coordenador da PJ de Braga revelou que o suspeito “prestou esclarecimentos sobre algumas das situações, concludentes sobre alguns incêndios”, sublinhando que a investigação está em curso, havendo a forte probabilidade de ligar este arguido a outros incêndios ocorridos na mesma zona, nomeadamente em 2022.
Foi a “incidência muito grande de fogos florestais” naquela zona que levou a PJ a desencadear a investigação, que implicou a afetação “de meios humanos significativos”, com o objetivo de pôr cobro a esta onda de fogos.
A PJ apreendeu vários isqueiros ao suspeito, que não era fumador, sendo a chama direta a forma de atear os incêndios, quando o homem se deslocava na sua viatura entre o concelho da Ponte da Braça e a zona do Lindoso.
Segundo o coordenador da PJ de Braga, a recolha e a obtenção de prova neste tipo de crime “é muito difícil”, mas neste caso foi conseguido reunir bastante prova.
“Foi possível a recolha de informação local, testemunhas, o cruzamento e a recolha de dados. Inicialmente havia vários suspeitos, que se reduziram a este, e que permitiu indiciá-lo da autoria de 20 incêndios, pelo menos. Mas poderá haver muitos mais, mas só uma investigação mais aprofundada é que poderá levar a imputar ao suspeito esses crimes”, salienta António Gomes.
O detido vai ser presente na sexta-feira a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.
Em comunicado divulgado anteriormente, a PJ anunciou a detenção do alegado autor de 20 incêndios florestais, nos últimos cinco meses, em várias freguesias do concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo.
A PJ de Braga dizia que os 20 incêndios florestais ocorreram entre 09 de abril e 28 de agosto deste ano, em diversas freguesias do concelho de Ponte da Barca.
As freguesias de Vila Nova de Muía, Touvedo, Paço Vedro Magalhães, Vila Chã e Lindoso, foram, durante aquele período, “sistematicamente atingidas por uma onda simultânea de incêndios florestais, causando alerta entre a população local”.
“Alguns dos incêndios ocorreram em zona integrante do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), tendo os mais recentes afetado área localizada em Touvedo, consumindo mais de uma centena de hectares de floresta”, sublinha a PJ.
Segundo o comunicado da PJ, o homem deverá ainda ser “responsável por dezenas de incêndios lavrados nas freguesias identificadas e noutras, nos últimos anos, o que fez elevar este concelho para um dos que maiores índices de ignições tem averbado”.
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