"Há neste momento ainda um grupo de pessoas afetadas que não têm uma resposta explícita: refiro-me aos que têm uma agricultura de subsistência, mas que não estão formalmente constituídos agricultores. Na generalidade dos casos, são pessoas com pequenas reformas e que têm nesta agricultura uma forma de subsistência, mas que viram os seus bens, alfaias agrícolas, tratores, barracões e unidades de apoio, degradados", sustentou.
Em declarações à agência Lusa, o autarca de Tondela apontou que já transmitiu a diferentes membros do Governo a necessidade de acautelar este tipo de apoio para os agricultores de subsistência, uma vez que tal não ficou assegurado no último Conselho de Ministros Extraordinário, no sábado.
"É preciso garantir apoio para a reposição das condições de operacionalidade destas pessoas, caso contrário abandonarão as suas pequenas explorações, quintais e terras, levando a uma maior desertificação e abandono dos terrenos envolventes às coroas urbanas", alertou.
Entre as suas preocupações imediatas está também a área florestal, uma vez que "não está ainda garantida, por parte do Governo, uma intervenção na regulação do preço da madeira", em particular do pinho.
"Isto pode ser muito grave, porque, em alguns casos, o valor económico da madeira a retirar pode não compensar a operação e passa a ser um problema ambiental. A este nível, não se conhecem medidas que possam contribuir para a regulação deste mercado e para a estabilização do preço ou, no limite, para subsidiar a operação de remoção", acrescentou.
De acordo com José António Jesus, ficou ainda por clarificar um outro conjunto de questões que "importa amadurecer" e que defende que devem continuar na agenda.
"Refiro-me à constituição das equipas de sapadores, à escala dos municípios ou supramunicipais, e à força profissional de proteção civil. O que mais espero é que estes anúncios sejam intenções para materializar, alternando comportamentos e práticas que, ao longo dos anos, vieram a demonstrar a situação a que chegámos", referiu.
No seu entender, esta "situação atípica dos incêndios" poderá vir a repetir-se mais vezes do que o que é esperado, devido às alterações climáticas, mas também ao abandono do interior, sendo necessário "olhar para um modelo que torne sustentável a exploração da floresta".
Sobre os apoios para o investimento industrial e para a reabilitação dos edifícios de primeira habitação, o autarca espera que "o dinheiro possa rapidamente ser disponibilizado", de forma que as obras possam "iniciar-se o mais breve possível".
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