“Já temos identificados até ao momento 120 proprietários agrícolas”, afirmou Catarina Silva, que, na reunião do executivo municipal, precisou que as áreas afetadas incluem “oliveiras, exploração de vinha, árvores de fruto, carvalhos, sobreiros e pinheiros mansos”.
A autarca, que tem o pelouro da proteção civil neste município do distrito de Leiria, adiantou que do levantamento ainda em curso dos prejuízos contam-se, igualmente, “pastagens e edificações agrícolas, como barracões, palheiros e explorações agropecuárias”, além de máquinas, tratores e alfaias agrícolas, assim como reservatórios de água.
Somam-se animais de estimação, ovinos, caprinos, suínos, aves, coelhos e abelhas.
“Também tivemos algumas colheitas armazenadas que foram perdidas”, apontou, referindo “cerca de 1.800 fardos de palha e azeite” que estavam armazenados.
Quanto a casas, foram destruídas três de primeira habitação.
“Há situações que estão resolvidas em casas de familiares. Há uma questão que nos preocupa mais e para a qual tentaremos arranjar uma solução municipal, pelo menos numa primeira fase, antes da reconstrução”, disse Catarina Lopes, adiantando que “há ainda uma casa que foi parcialmente atingida pelo fogo.
A vereadora declarou à agência Lusa que estão a ser disponibilizados os serviços municipais para a elaboração de projetos e pequenas obras, esclarecendo que na próxima reunião do executivo, em 11 de agosto, pretende-se “aprovar a medida a nível da isenção do pagamento de água gasta no combate aos incêndios pelos munícipes”.
Na sessão, o presidente do município, o social-democrata Pedro Pimpão, reconheceu a necessidade de “medidas concretas que ajudem as pessoas”, pois a maioria “é população já com poucos recursos e com investimentos durante uma vida que foram prejudicados”.
Adiantando que foram pedidas audiências às ministras da Agricultura e da Coesão Territorial, Pedro Pimpão sugeriu a alocação de verbas do Programa de Desenvolvimento Rural 2020 que “não se perspetiva que sejam concretizadas” para a recuperação das áreas atingidas pelos fogos.
“Toda a população da freguesia de Abiul e, em particular, desses territórios mais afetados, merecem a nossa maior consideração e a nossa disponibilidade para estarmos ao lado dela, para que haja medidas efetivas de apoio”, garantiu, referindo que no âmbito do projeto L.U.I.S.A. – Unidade de Apoio e Intervenção no Luto, da Misericórdia da Redinha, está disponível apoio psicológico.
O vereador Luís Simões (PS) admitiu, por seu turno, a necessidade de “fazer, efetivamente, um esforço adicional na recuperação deste território” e reconheceu que as verbas municipais são limitadas, pelo que “será importante também a disponibilidade do Governo”.
Na reunião, vários munícipes queixaram-se dos danos em propriedades e relataram o “abandono” que sentiram. Um deles falou mesmo em “desproteção civil” e considerou que as populações mereciam um pedido de desculpas.
O presidente da Câmara pediu desculpas, reconheceu que só não houve vítimas mortais porque as pessoas foram solidárias e ajudaram os vizinhos, e reiterou a disponibilidade do executivo em ajudar.
Na semana passada, o Município de Pombal anunciou a constituição de uma equipa multidisciplinar de acompanhamento e levantamento de prejuízos e danos provocados pelos incêndios rurais.
A equipa multidisciplinar é "composta por técnicos de várias unidades orgânicas da Câmara que irão avaliar, essencialmente, danos em estruturas edificadas, em produções agrícolas, em estruturas económicas, entre outras".
O incêndio deflagrou na freguesia de Abiul, em Vale da Pia, no dia 08, pelas 14:50, e entrou em resolução na madrugada do dia 15. Dos 1.086 hectares ardidos, 278 são área agrícola.
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