"A visão, acima de tudo, é sermos capazes de constituir aqui [na zona afetada pelos incêndios de Góis e Pedrógão Grande] um grupo de trabalho", coordenado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que aborde "especificamente a recuperação de áreas ardidas com continuidade", afirmou Miguel Freitas, que falava durante a visita à primeira estação-piloto para a recuperação das áreas ardidas, situada no Baldio de Alge, na fronteira entre os concelhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.
O grupo de trabalho, para além do ICNF, vai contar com a participação das organizações de produtores florestais, gabinetes técnicos florestais dos municípios, a Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA) e quatro instituições do ensino superior: a Escola Superior Agrária de Coimbra, o Instituto Superior de Agronomia, a Universidade de Aveiro e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
O projeto, que vai contar com um protocolo entre todas as entidades envolvidas, terá a duração de quatro a cinco anos e um financiamento de 500 mil euros através do Fundo Florestal Permanente, explanou à agência Lusa o governante.
Segundo Miguel Freitas, o grupo de trabalho, que vai atuar na zona afetada pelos incêndios de Góis e Pedrógão Grande, prevê a intervenção em quatro eixos: estabilização de emergência, controle de infestantes, condução de regeneração natural e arborização onde não ocorrer resposta natural.
Grande parte do financiamento vai para as instituições do ensino superior, para montarem as estações-piloto por forma a estudarem e desenvolverem ferramentas e métodos que podem depois ser aplicados pelos agentes locais.
A estação-piloto no Baldio de Alge foi a primeira a ser montada e centra-se na estabilização de emergência, a ação mais premente nos concelhos afetados.
Para além dos 500 mil euros, podem surgir outros projetos científicos candidatos a outros fundos, acrescentou o secretário de Estado das Florestas.
"As estações-piloto vão ser instaladas aqui, mas para demonstrar ao país", frisou.
Durante a visita à estação-piloto no Baldio de Alge, Miguel Freitas realçou que é necessária uma ação contínua "para que oito ou 12 anos depois não volte a arder exatamente como ardeu no passado".
O membro do Governo sublinhou que a maioria dos fogos que ocorreram este ano surgiram nos terrenos afetados pelos incêndios de 2003 e 2005, o que mostra que, "nos últimos 12 anos, não houve a condução necessária por parte desta floresta".
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