As imagens, com pouco mais de um minuto, foram capturadas em 2018 e mostram um jovem indígena da tribo isolada Awá (que em 2012 era considerada a mais ameaçada por aquela ONG) com colares no pescoço numa área densa da floresta amazónica.
As imagens foram obtidas por membros de uma outra tribo, os Guajajara, que vivem numa zona próxima à ocupada pelos Awá.
"Nós filmámos sem pedir permissão porque sabemos como é importante mostrá-los em fotografias, porque se o mundo não os vê, eles [Awá] serão assassinados pelos madeireiros", explicou Erisvan Guajajara, que filmou os indígenas Awá.
Os Guajajara, que somam cerca de 14 mil indígenas, formaram um grupo chamado "Guardiões da Floresta", que visa defender territórios e reservas indígenas ameaçados pela extração ilegal de madeira e pela expansão agrícola.
O grupo transmite dados de GPS de áreas onde os troncos das árvores são cortados e ajudam os bombeiros durante incêndios florestais.
"Nós, guardiões, estamos a defender os direitos dos nossos povos, a defender os índios isolados e a defender a natureza para todos nós. Três dos nossos guardiões foram assassinados. Precisamos que a Terra seja protegida para sempre", frisou Erisvan Guajajara.
Já o diretor da Survival International, Stephen Corry, acrescentou que o vídeo agora divulgado “é mais uma prova de que indígenas Awá não contactados realmente existem”.
“Os madeireiros já mataram muitos dos seus parentes [da tribo Awá] e forçaram outros a sair da floresta (...) . Apenas um clamor global está entre eles e o genocídio", afirmou Stephen Corri.
A Constituição brasileira estabelece que os povos indígenas têm o direito a viver em terras reservadas para eles, onde qualquer exploração mineral ou agrícola não tradicional é proibida.
No entanto, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que chegou ao poder com o apoio do agronegócio e das empresas mineiras, já disse que não vai demarcar reservas indígenas e pode reverter a proteção de algumas áreas por acreditar que os povos tradicionais do país devem ser integrados na sociedade moderna.
Na última sexta-feira, durante uma reunião com jornalistas estrangeiros, Bolsonaro acusou os países e ONG que apoiam a preservação da floresta amazónica "de querer que os nativos [brasileiros] permaneçam num estado pré-histórico, sem acesso às tecnologias e às maravilhas da modernidade".
O chefe de Estado brasileiro também questionou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão público que reportou um aumento de 88% no desmatamento no Brasil em junho em relação a junho de 2018.
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