Testes estão atualmente a ser realizados em ratos, mas também em células isoladas de cartilagem humana e a descoberta é um passo importante na luta para encontrar uma cura para a osteoartrite.

A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista “Protein and Cell”, foi dirigida pelo professor Pedro Guillem, da clínica Centro, em Madrid, e Juan Carlos Izpisúa, do Instituto Salk, da Califórnia, e cientistas da Universidade Católica de San Antonio de Murcia (UCAM); da Clínica Hospitalar de Barcelona; da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade de Harvard.

As pessoas que sofrem de osteoartrite têm muito poucas opções de tratamento, afirmou hoje o investigador da Clínica Centro, num comunicado à imprensa, enfatizando que não existem medicamentos aprovados que possam impedir ou interromper a progressão da osteoartrite.

“Os tratamentos atualmente usados têm como objetivo reduzir a dor, a inflamação e a incapacidade, retardando o desgaste da cartilagem e a progressão da doença, mas não curam e a cirurgia de substituição articular é inevitavelmente utilizada”, explicou Pedro Guillén.

Neste estudo verificou-se que a ação de duas moléculas previamente identificadas poderia melhorar a eficácia do tratamento da osteoartrite, levando em consideração que cada um desses medicamentos experimentais separadamente moderou os sintomas da doença.

“Acreditamos que, combinando essas duas moléculas, que funcionam de maneiras diferentes, talvez possamos obter um resultado melhor”, explicou Paloma Martínez-Redondo, investigadora associada do Instituto Salk.

Esta é uma doença crónica e degenerativa que afeta as articulações e leva ao aparecimento de dores e dificuldades que podem incapacitar seriamente as pessoas que sofrem com a enfermidade, lembram os cientistas.

Na investigação divulgada hoje, os investigadores provocaram osteoartrite no joelho de ratos jovens e injetaram os dois medicamentos experimentais na articulação desses animais.

Seis semanas após o tratamento, os ratos que receberam as moléculas terapêuticas mostraram uma recuperação da cartilagem.

Os cientistas observaram que a cartilagem do joelho dos ratos era mais espessa, menos células morreram, houve outras que proliferaram ativamente e a doença reverteu para uma forma “leve” de osteoartrite (grau I) e nenhum efeito colateral negativo foi observado.

Pelo contrário, os ratos que não receberam tratamento apresentaram osteoartrite mais grave nos joelhos e a doença progrediu do grau II para o grau IV, o grau máximo da doença.

“Desde a primeira vez que testamos essa combinação de drogas experimentais em apenas alguns animais, vimos uma grande melhoria”, disse Isabel Guillen, investigadora associada do instituto Salk e coautora do novo estudo.

Para testar se a combinação desses medicamentos experimentais também melhorou a osteoartrite em humanos, os autores do estudo trataram células isoladas da cartilagem articular humana e também obtiveram bons resultados.

“Esses bons resultados obtidos em culturas de células humanas são uma boa indicação de que o tratamento pode funcionar em pacientes”, explicou Martínez Redondo.

“O que é realmente encorajador na descoberta é que a terapia é potencialmente fácil de traduzir para a clínica”, disse o investigador Juan Carlos Izpisua, professor do Laboratório de Expressão Genética do instituto Salk.

A equipa de investigadores planeia desenvolver uma segunda fase para aprofundar o conhecimento do tratamento combinado desses dois medicamentos experimentais e também determinar se a combinação de medicamentos pode impedir o desenvolvimento de osteoartrite antes que os sintomas se desenvolvam.