A falar durante a manifestação que esta manhã juntou milhares de professores na Avenida dos Aliados, no Porto, segundo informou a PSP no local, Mário Nogueira apelidou os “atuais governantes” de prepotentes e arrogantes por causa da atual maioria absoluta, mas avisou que os professores são uma “maioria bem maior”.

Mário Nogueira apontou o dedo ao atual ministro da Educação, João Costa, mas não só: “Estou a chamar irresponsável a todos os governantes, não só ao ministro, infelizmente, senão era mais fácil. Estou a chamar a todos os governantes porque não estão a olhar para aquilo que está a acontecer nas escolas”, disse.

Para o dirigente sindical, “uma coisa é certa, a prepotência e a arrogância dos atuais governantes assenta muito na sua maioria absoluta”.

“Mas eles devem pensar que os professores são uma maioria bem maior do que a maioria deste Governo”, avisou.

O líder da Fenprof acusou ainda o Governo de estar a “deixar definhar e morrer” a escola pública tal com um médico “que passa a receita e se recusa a tratar o doente” e anunciou que os professores vão marcar presença nas comemorações do 10 de Junho no Peso da Régua.

A greve de hoje, convocada por uma plataforma de nove organizações de professores, levou, segundo aquele sindicalista, a que “centenas de escolas” não estivessem a realizar as provas de aferição e a “escolas fechadas, dos jardins-de-infância a grandes secundárias”, sem adiantar números concretos.

“Quem é irresponsável a ponto de não olhar para o que está a acontecer nas escolas e achar que não resolver estes problemas, de carreira, instabilidade, quem acha que não os resolvendo está bem, é quem acha que a escola pública pode no futuro vir a viver sem professares qualificados e isso não é possível”, afirmou o sindicalista.

O sindicalista exigiu respostas às reivindicações dos professores e avisou que o Governo está a “arranjar uma guerra sem sentido nenhum” ao “não ligar aquilo que se está a passar” nas escolas.

“O tempo de serviço é muito importante (…) mas não é o único problema, temos um problema gravíssimo de falta de professores, de envelhecimento da profissão, temos um problema gravíssimos que tem a ver com as questões das condições de trabalho e dos horários de trabalho e há quem não perceba que esse é um problema que não afeta só os professores mas a escola pública”, disse.

Ao ministro João Costa, o líder da Fenprof deixou um conselho: “Se o senhor ministro não é capaz de encontrar soluções para os problemas, então, se calhar, o senhor ministro tem que pensar bem se tem condições para continuar u não à frente do ministério”, disse.

Mário Nogueira, respondendo a um repto do titular da pasta da Educação, acusou ainda o Governo de estar a matar a escola pública: “Há dias o senhor ministro afirmava que os professores fazerem greve agora é a mesma coisa que os médicos não passarem análises clínicas”, contextualizou.

“Eu diria que a prática política do senhor ministro, usando a mesma retórica, equivale a um médico que manda fazer análises, que faz o diagnóstico, mas que depois recusa tratar o doente e o deixa definhar até morrer, é isso que está a fazer à escola publica”, apontou.

OS professores cumprem hoje mais uma jornada de greve pela reposição dos seis anos, seis meses e 23 dias de serviços em que a carreira esteve congelada, entre outras reivindicações.

Depois da manifestação desta manhã no Porto, os professores vão-se manifestar em Lisboa, às 15.00.

JCR // ZO

Lusa/Fim