O Ministério do Interior italiano informou que um barco da Guarda de Finanças, a polícia italiana responsável pela defesa nacional das fronteiras, notificou o comandante do barco Alan Kurdi, da organização Sea Eye, da “a proibição de acesso, trânsito e atraque em águas territoriais italianas”.
O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, de extrema-direita, estimulou uma política de portos encerrados a barcos das organizações humanitárias que salvam vidas no Mediterrâneo, que acusa de fomentarem a imigração ilegal.
O barco Alan Kurdi, batizado assim em memória do menino sírio afogado em 2015 em águas turcas, salvou na sexta-feira 65 migrantes em águas internacionais em frente à Líbia e rumou para Lampedusa por considerar este o porto seguro mais próximo.
Por outro lado, 41 migrantes aguardam o desembarque do veleiro Alex, da ONG italiana Mediterranea, um barco de pequenas dimensões e sem instalações suficientes para tantas pessoas, que permanecem ao sol, num convés lotado.
Na quinta-feira, 54 pessoas foram resgatadas da Líbia e, um dia depois, 13 tiveram que ser retiradas do Alex por razões médicas: seis mulheres (incluindo quatro grávidas), dois homens, quatro crianças menores de um ano e outra de 12 anos, indicaram fontes do Governo italiano.
Devido a estas condições, a ONG pediu permissão para atracar em Lampedusa.
O caso desta embarcação causou mau estar entre os governos da Itália e de Malta, uma vez que tem a permissão para desembarcar migrantes no porto de Valletta.
A Mediterranea considera “insensato” ter de viajar com 41 pessoas a bordo mais a tripulação – o barco tem capacidade para 18 – até Malta, a mais de 90 milhas de distância (cerca de 144 quilómetros) e não os deixem chegar a Lampedusa, a apenas 12 milhas (a apenas 20 quilómetros).
Segundo a ONG, será "impossível" chegar a Malta se os migrantes não forem primeiro transferidos para embarcações militares maltesas ou italianas.
Entretanto, a Itália enviou ao Mediterranea algumas provisões: 34 caixas, 54 refeições, quase 200 cobertores térmicos e desinfetante.
A Itália confirmou à embarcação a sua disponibilidade para a escoltar com navios militares até La Valletta, com o transbordo de migrantes para navios mais seguros, em troca de que o veleiro entre no porto e se submeta aos controles das autoridades.
O ministério de Salvini assinalou que a ONG recusou esta possibilidade, considerando esta atitude uma “exigência de impunidade”, isto é, a Itália suspeita de que a Mediterranea não pretende transportar os migrantes até Malta por temer que lhe confisquem a embarcação.
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