"Com dez milhões de fiéis e simpatizantes em 135 países dos cinco continentes, a Universal lamenta profundamente a preocupante postura das autoridades judiciárias angolanas ante os ataques que a Igreja têm sofrido no país", indicou o departamento de Comunicação Social e de Relações Institucionais da IURD no Brasil, num comunicado enviado hoje à Lusa.
"Alerta ainda a comunidade internacional mais uma vez, principalmente os cristãos, para o grave risco que este precedente abre contra o direito de religião, consciência e pensamento, assegurado desde 1948 a todos os povos do mundo, pela Declaração Universal dos Direitos Humanos", acrescentou a Igreja, frisando que não foi notificada sobre a decisão judicial em causa.
A justiça angolana ordenou o encerramento e apreensão de todos os templos da IURD em Angola, estando o processo de selagem a ser feito “de forma gradual”, disse à Lusa fonte policial no domingo.
“Por despacho do Ministério Público, todos os templos da IURD em território nacional estão apreendidos e encerrados, só que o processo de selagem está a ser feito de forma gradual”, indicou a fonte, acrescentando que só na capital angolana, Luanda, são 211 templos.
Ainda segundo a fonte policial, os templos estão apreendidos e serão encerrados.
“Por conseguinte, enquanto decorre o processo não podem realizar cultos”, afirmou a mesma fonte, acrescentando que “para que não se criem mais dúvidas a respeito, as partes serão notificadas nos próximos dias, para aclarar a situação”.
A IURD em Angola declarou-se no domingo "surpresa" com a ordem de encerramento de quatro dos seus templos (Kilamba, Estalagem, Km 30 e Samba) durante o culto, que foi retomado este fim de semana após uma paragem de vários meses devido à pandemia de covid-19.
A IURD alegou que a polícia agiu “de forma truculenta e excessiva, cerceando os membros e fiéis que, na ocasião, estavam exercendo o seu direito de liberdade de culto” e sublinhou que não havia qualquer impedimento legal ou mandato judicial que impedisse o culto naqueles templos, “pois os mesmos não foram arrestados ou lacrados pela Procuradoria Geral da Republica (PGR)”.
A PGR angolana apreendeu, em agosto, sete templos da IURD em Luanda (Alvalade, Maculusso, Morro Bento, Patriota, Benfica, Cazenga e Viana), no âmbito de um processo-crime por alegadas práticas dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal e exportação ilícita de capitais.
A IURD em Angola destacou, no mesmo comunicado, que alguns bispos e pastores foram levados para uma esquadra policial sem que se saiba “o real motivo de tal ato”, tendo sido libertados após prestarem declarações.
A IURD tem estado envolvida em várias polémicas em Angola, depois de um grupo de dissidentes se afastar da direção brasileira, em novembro do ano passado.
As tensões agudizaram-se em junho com a tomada de templos pela ala reformista, entretanto constituída numa Comissão de Reforma de Pastores Angolanos, com troca de acusações mútuas relativas à prática de atos ilícitos.
Os angolanos, liderados pelo bispo Valente Bezerra, afirmam que a decisão de romper com a representação brasileira em Angola encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, fiel ao fundador Edir Macedo, se deveu a práticas contrárias à religião, como a exigência da prática da vasectomia, castração química, práticas de racismo, discriminação social, abuso de autoridade, além da evasão de divisas para o exterior do país.
As alegações são negadas pela IURD Angola que, por seu lado, acusa os dissidentes de “ataques xenófobos” e agressões a pastores e intentou também processos judiciais contra os dissidentes.
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