"Temos um problema na nossa democracia e esse problema chama-se abstenção", afirmou no início da apresentação da moção "Portugal com bases para crescer", da distrital de Lisboa. "O CDS deve ser o primeiro partido neste combate".

O congressista lembra que a abstenção era de cerca de 8,5% em 1976 e agora é superior a 50%, "com tendência para piorar". A abstenção levanta, para João Gonçalves Pereira, um "problema de legitimidade representativa". Esta moção, afirma, "é um contributo para a revisão do sistema eleitoral, o partido não tem de ter medo de discutir estes temas", "o partido deve tomar dianteira do processo".

E recorda o contributo de José Ribeiro e Castro, ex-líder do CDS, e que encabeça uma proposta de alteração do sistema eleitoral apresentada pela SEDES, que prevê a criação de ciclos uninominais, entregue no ano passado na Assembleia da República.

João Gonçalves Pereira considera ainda que é preciso "alterar o regime de referendos regionais e nacionais" e "criar uma cultura de participação política: "Os eleitores não passam cheques em branco aos eleitos".

O programa do Congresso, no qual são esperados cerca de 1400 delegados, começou hoje com o discurso de despedida de Assunção Cristas, a ex-ministra da Agricultura que sucedeu a Paulo Portas como presidente, em 2016, e que anunciou a sua saída na noite das legislativas de outubro de 2019, quando o CDS perdeu 13 deputados, e ficou reduzido a cinco, com 4,2% dos votos.

O 28.º Congresso do CDS decorre em Aveiro, distrito onde estão inscritos 645 655 eleitores e votaram 352 179 (54,55%), dos quais 5,69% (20.045 votos) no CDS-PP, que lhe valeu um deputado. Com uma curiosidade: numa das 16 freguesias do concelho de Arouca, Cabreiros e Albergaria da Serra, o partido teve apenas um voto (dos 921 que o CDS arrecadou no município).