O músico José Mário Branco morreu aos 77 anos, disse hoje à agência Lusa o seu ‘manager’, Paulo Salgado.
“O Bloco de Esquerda presta homenagem ao destacado artista, cantor e compositor, que foi também um lutador político antifascista e combatente contra as opressões e as desigualdades”, sublinha, em comunicado, o partido.
Na vida de José Mário Branco, na perspetiva dos bloquistas, “foi sempre marcante a indignação perante diferentes opressões, o apelo ao combate à exploração capitalista e a defesa da luta popular”.
“O Bloco de Esquerda lamenta o falecimento de José Mário Branco e apresenta as suas condolências a Manuela de Freitas, à família e aos amigos”, afirma o partido cuja criação foi, em 1999, apoiada pelo cantor, que foi dirigente bloquista e integrou a Mesa Nacional, o órgão máximo do partido entre convenções.
No comunicado é ainda lembrado que, no final de 1974, José Mário Branco foi fundador da UDP e, em 1980, eleito para o Conselho Nacional da UDP.
No início da década de 1970, o artista “destacou-se como jovem cantor, que lutava pela Liberdade e contra a guerra colonial no final do fascismo, animando a geração que viria a ser decisiva na Revolução de Abril”.
“Exilado em França, participou ativa e militantemente no Maio de 68 e animou as iniciativas políticas da emigração portuguesa contra o fascismo e a guerra colonial”, enaltecem ainda os bloquistas.
A participação, em 1974 e 1975, juntamente com outros cantores “no movimento de renovação da música portuguesa e na mobilização popular pela transformação social” é também destacada.
“Na sua ação artística, refletiu a desilusão da esquerda revolucionária no pós-PREC, tendo-se tornado marcante a sua obra “FMI”. No mesmo período compôs a canção "Eu vim de longe, eu vou para longe", um manifesto de mobilização cidadã. A sua obra acompanhou a luta da esquerda, pela democracia e contra a injustiça”, sublinha.
Na rentrée do BE do ano passado, o Socialismo 2018, a presença do músico e compositor José Mário Branco foi um dos destaques daquela edição, num painel intitulado "No canto não há neutralidade".
Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, em particular no período da Revolução de Abril de 1974, cujo trabalho se estende também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.
Foi fundador do Grupo de Ação Cultural (GAC), fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades e colaborou na produção musical para outros artistas, nomeadamente Camané, Amélia Muge ou Samuel.
Estudou História nas universidades de Coimbra e do Porto, foi militante do PCP até ao final da década de 60 do século passado e a ditadura forçou-o ao exílio em França, para onde viajou em 1963, só regressando a Portugal em 1974.
Em 2018, José Mário Branco cumpriu meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades, gravados entre 1967 e 1999. A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete álbuns de originais e um ao vivo, de um período que vai de 1971 e 2004.
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