“Fui convidado pelo dr. Rui Rio para o cargo de secretário-geral, que aceitei, com um único objetivo: trabalhar para relançar o partido apoiar o líder e o PSD a ganhar as próximas eleições legislativas, europeias e regionais”, afirmou o deputado e antigo autarca de Mirandela, em conferência de imprensa na sede nacional do PSD.
Questionado se receia pela eleição que terá de ser feita do seu nome pelo Conselho Nacional, José Silvano respondeu negativamente, mas recusou que tal seja um desafio ao órgão máximo do partido entre Congressos.
“Se o meu objetivo único é unir o PSD, não há nenhum militante do partido, muito menos nenhum dirigente, que não tenha este objetivo”, afirmou.
José Silvano disse ter sido convidado para o cargo há dois dias – ou seja, no domingo, mas já depois da demissão de Feliciano Barreiras Duarte – e considerou que a mais valia que pode trazer ao partido “é a proximidade com as pessoas no terreno”.
“É isso que eu sei fazer: concretizar, ajudar, resolver e pouco falar, este esse o meu perfil. Com isso ganhei eleições”, disse, referindo-se a autárquicas em Mirandela, mas também legislativas e europeias.
Salientando que o objetivo do PSD é “alcançar o poder novamente já em 2019”, José Silvano assegurou que terá “respeito por todos e por todas as convicções”.
“Mas como bom transmontano que sou, também não terei medo de nada nem de ninguém”, disse.
Questionado como avalia a situação do PSD no primeiro mês de Rui Rio como líder, José Silvano disse preferir olhar para a frente.
“Eu interessa-me mais ver o futuro radiante que espero para o PSD do que o que tenha corrido menos bem. Não correu tão mal como as pessoas dizem, – basta olhar para o resultado das sondagens – é mais aquilo que se propaga”, disse.
No entanto, o deputado recusou-se a falar em “orquestrações”: “Não acredito nisso”.
“A boa fé com que entro para este cargo e aquilo que me motiva para o exercer - já fiz tudo na vida, não tenho mais nenhuma motivação – é só um objetivo: mostrar aos militantes e dirigentes do PSD que, com trabalho, com provas dadas, com sujar as mãos no terreno e não com intrigas, se consegue pôr os militantes e os dirigentes num único caminho, ganhar as próximas eleições”, defendeu.
Na conferência de imprensa, Silvano foi questionado se a sua posição favorável à regionalização – e que não é unânime no partido - pode interferir no seu trabalho, o antigo autarca salientou que o PSD “sempre respeitou e bem” opiniões diferentes sobre temas que não exigem unidade.
Sobre a prioridade defendida por Rio no Congresso para as autárquicas de 2021, José Silvano manifestou a sua concordância de que o PSD tem de pensar já nestas eleições “para as poder ganhar, sem descurar a primeira prioridade, as legislativas”.
“Se estivermos a preparar as autárquicas no terreno, nós estamos a ganhar as legislativas”, referiu.
Depois de ter mencionado ter sido convidado para o cargo de secretário-geral há “dois dias”, José Silvano escusou-se a dizer o momento em que o convite foi feito, mas salientou que nunca o aceitaria enquanto o seu antecessor, Feliciano Barreiras Duarte, estivesse em funções.
José Silvano foi anunciado na segunda como o novo secretário-geral do PSD, na sequência da demissão de Feliciano Barreiras Duarte, e o seu nome será ratificado na próxima Comissão Política Nacional, agendada para 28 de março, e terá depois de ser eleito pelo Conselho Nacional, que apenas deverá reunir em abril.
José Maria Lopes Silvano é deputado na atual legislatura, cargo que já tinha desempenhado entre 1995 e 1999, ambas as vezes eleito pelo círculo de Bragança.
Foi o coordenador do grupo de trabalho que preparou as alterações à lei do financiamento dos partidos, cuja primeira versão foi vetada pelo Presidente da República que defendeu, na altura, uma discussão mais aprofundada das mudanças.
Advogado de 61 anos, natural de Vila Real, José Silvano foi apoiante de Rui Rio na campanha interna, presidiu à Câmara Municipal de Mirandela e liderou a distrital de Bragança do partido.
Feliciano Barreiras Duarte anunciou no domingo, em comunicado, que apresentou a sua demissão de “forma irrevogável” ao presidente do partido, Rui Rio, depois de uma semana de notícias sobre irregularidades no seu currículo e uma alegada falsidade na morada que indicou no parlamento, considerando que os “ataques” de que estava a ser alvo o prejudicaram gravemente e à sua família, bem como a direção do PSD.
[Notícia atualizada às 18h34]
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