Habitualmente, a votação decorre presencialmente, no último dia do Congresso, mas a pandemia de covid-19 levou a ‘jota’ - estrutura autónoma do PSD - a fazer alterações no modelo habitual, numas eleições que chegaram a estar previstas para abril para disputar a sucessão da deputada Margarida Balseiro Lopes.
O XXVI Congresso Nacional da JSD vai decorrer entre sexta-feira e domingo por via telemática (à distância).
Já as votações serão descentralizadas, nas sedes de distrito, entre as 12:00 às 19:00 de domingo, sendo a máscara de proteção individual obrigatória para votar.
Presencialmente, apenas estarão na sede nacional da JSD os presidentes dos órgãos nacionais, um por sala, com um televisor, onde estará a ser transmitido o congresso através de uma plataforma informática.
Todos os delegados poderão falar através da plataforma para garantir a discussão.
A ordem de trabalhos do XXVI Congresso prevê, após a abertura, a apreciação do relatório de atividades da Comissão Política Nacional (CPN) para o mandato 2018-2020, seguindo-se a apresentação e discussão das propostas políticas setoriais e das moções de estratégia global para o mandato 2020-2022, a eleição dos órgãos nacionais da JSD e a aprovação da moção de estratégia global, antes do encerramento.
O congresso esteve inicialmente marcado para 17, 18 e 19 de abril, mas foi cancelado, com os dois candidatos à liderança a apelar na altura à responsabilidade dos jovens para evitar uma maior propagação do covid-19.
Em março, os dois candidatos, Alexandre Poço e Sofia Matos, decidiram cancelar todas as iniciativas de campanha presenciais, devido à pandemia.
Sofia Matos, 29 anos, é atualmente secretária-geral da JSD e foi mandatária nacional para a Juventude de Rui Rio na disputa interna pela liderança do PSD.
Natural da Trofa (Porto), a deputada, eleita pelo círculo do Porto nas legislativas de outubro, é advogada e também presidente distrital da JSD.
Alexandre Poço, 28 anos, natural de Oeiras (Lisboa) é consultor e um dos cinco vice-presidentes da JSD e líder da distrital de Lisboa desta estrutura.
Licenciado em Ciências da Comunicação, foi eleito deputado nas últimas legislativas por Lisboa. Nas recentes eleições internas do PSD, esteve inicialmente ao lado do vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, tendo na segunda volta apoiado o antigo líder parlamentar Luís Montenegro.
A atual líder da JSD, Margarida Balseiro Lopes, já completou 30 anos - idade limite para militar na ‘jota’, não se podendo recandidatar -, foi eleita em abril de 2018 e tornou-se então a primeira mulher a chefiar esta estrutura.
Candidatos elegem emprego e sistema político entre as prioridades
Os dois candidatos à liderança da Juventude Social-Democrata (JSD), Sofia Matos e Alexandre Poço, apontam lacunas ao Governo na área da educação e elegem entre as prioridades a credibilização do sistema político e o emprego jovem.
Em resposta a perguntas enviadas pela Lusa aos dois candidatos que vão a votos no domingo, a atual secretária-geral da JSD elege como medida prioritária, se for eleita, o voto aos 16 anos e “uma modalidade de voto mais coerente com uma sociedade digital para o combate à abstenção”.
“Defendemos ainda a limitação de mandatos para todos os eleitos e a limitação à candidatura e ao exercício de mandato a pessoas condenadas por corrupção ou crimes de idêntica natureza. Tudo isto em prol de uma necessidade premente de devolver credibilidade à política e aos políticos, e voz aos cidadãos que representamos”, salientou.
Sofia Matos considerou ainda que “é impreterível efetuar na JSD um restauro dos ideais mesmo antes das ideias” e ter uma ‘jota’ “de ação mais do que de palavras”, apontando como bandeiras a luta pela “igualdade de oportunidades, emancipação jovem e solidariedade social”.
À mesma pergunta, o vice-presidente da JSD Alexandre Poço elegeu medidas relacionadas com o emprego jovem, considerando que “sem emprego, ou com salários miseráveis, sem acesso facilitado à primeira habitação, a independência dos jovens torna-se muito difícil”.
“Estamos a ultimar medidas e iniciativas legislativas que promovem a contratação de jovens e o seu acesso à primeira habitação, como por exemplo a que isenta a Taxa Social Única (TSU) no início da carreira, sem perda dos benefícios sociais associados, e a criação do IRS jovem até aos 30 anos, nos cinco primeiros anos de atividade profissional”, destacou.
Para Alexandre Poço, “se no 25 de Abril se conquistou a liberdade, agora são necessárias medidas que garantam a independência aos jovens”.
Os dois candidatos concordam em apontar ao Governo lacunas na área da educação, que consideram ter ficado mais visíveis durante a pandemia de covid-19.
“Durante esta crise pandémica temos assistido a um crescente afastamento da realidade por parte do governo de António Costa. O facto de milhares de jovens terem ficado sem possibilidade de assistir a aulas, ou de cumprir as suas tarefas académicas, por questões sociais, como o facto de não terem internet em casa, ou não terem acesso a um simples computador, colocou a nu que a escola deixou de funcionar como elevador social”, criticou Alexandre Poço.
Na mesma linha, Sofia Matos considerou que devido à pandemia “o aproveitamento escolar dos estudantes do ensino superior foi colocado em causa” e defendeu que a atribuição de bolsas de estudo para o próximo ano letivo “deveria flexibilizar os critérios de elegibilidade”, salientando que o parlamento aprovou no Orçamento Retificativo uma proposta da JSD com esse objetivo.
A pandemia afetou igualmente a campanha dos candidatos à liderança da ‘jota’, mas os dois deputados destacam a capacidade de adaptação da geração a que pertencem, com a ajuda das novas tecnologias
“A nossa candidatura teve de se reinventar, dada a impossibilidade de levar o nosso projeto, pessoalmente, a todos os distritos do país”, afirmou Sofia Matos, explicando que, além de ter divulgado nas suas redes sociais uma entrevista com as principais ideias, a candidatura construiu uma plataforma a nível nacional “que juntou mais de 500 voluntários no intuito de ajudar os mais frágeis e mais idosos em tempos de pandemia”.
Também Alexandre Poço considerou que, apesar da necessária adaptação, foi sempre possível “manter uma ligação forte e próxima com os militantes da JSD de todo o país”.
Já sobre a relação que mantêm com a atual direção - Sofia Matos foi apoiante do presidente Rui Rio nas diretas de janeiro, Alexandre Poço esteve primeiro com Miguel Pinto Luz e, na segunda volta, com Luís Montenegro - ambos referem a primazia do interesse dos jovens.
“A JSD é uma organização independente e tem permanecido assim ao logo dos anos. Esta tem sido uma das nossas principais forças. É verdade que muitos líderes do PSD se sentem tentados a controlar a ‘jota’, vários tentaram, mas nenhum conseguiu”, respondeu Alexandre Poço, recordando a relação tensa entre o então líder do PSD Cavaco Silva e o presidente da JSD Pedro Passos Coelho.
O deputado acrescenta que “nenhuma candidatura promovida por uma liderança nacional do PSD alguma vez conseguiu controlar a JSD”, considerando que tal “seria a negação da ‘jota’”.
Já Sofia Matos admite que a sua “estreita relação” com o líder do partido “será, indubitavelmente, muito importante tanto para a JSD como para o PSD, mas acima de tudo para os jovens portugueses”.
“Importa referir que comigo, a JSD representará sempre os interesses dos jovens, mas nunca irá sucumbir aos interesses do partido”, realça, por outro lado.
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