"Ontem foi o dia mais feliz da minha vida", disse hoje sorridente o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, 24 horas depois de receber o Prémio Nobel da Paz, em Oslo. Em conferência de imprensa, ao lado da primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, Juan Manuel Santos prestou também homenagem à Noruega, país anfitrião da cerimónia de entrega dos prémios Nobel e que foi também, em conjunto com Cuba, avalista do recente acordo de paz firmado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
"O que foi obtido nas negociações não teria sido possível sem a presença da Noruega desde o primeiro dia", saudou o presidente colombiano. Momentos antes, Solberg prometeu o "total apoio" de seu país à Colômbia "para aplicar o acordo de paz". Na manhã de hoje, Santos reuniu-se em Oslo com o presidente do Parlamento da Noruega, Olemic Thommessen, ao qual agradeceu também pelo apoio. "Quero expressar minha gratidão e a de todos os colombianos ao Parlamento, ao governo da Noruega e às suas instituições por terem desempenhado um papel-chave em tudo o que a Colômbia está, felizmente, a celebrar hoje", declarou ao chegar à sede do parlamento em Oslo.
Nesta conferência de imprensa o presidente colombiano admitiu também que a "desconfiança" entre as FARC e muitos colombianos "é um desafio" que é preciso superar. "Quando entregarem as armas, vai começar a construir-se a confiança, de ambos os lados", antecipou. "Desta vez, as FARC foram sérias nas negociações", ao contrário de outras negociações, disse, quando usavam a mesa de diálogo para se fortalecer, ou para ganhar tempo. Segundo o presidente colombiano, é essencial "encurtar o tempo entre o momento em que se assina (um acordo) e o momento em que se aplica".
As críticas ao acordo continuam, todavia, a ser numerosas e algumas têm protagonistas de grande peso político. No sábado, durante a cerimónia de entrega do Nobel a Juan Manuel Santos, o ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe - que foi o líder do movimento contra a assinatura do acordo - escreveu na sua conta de Twitter que o prémio "leva à impunidade e premia o terrorismo até a última consequência de pôr em risco a democracia e a desculpa de terminar a guerra". Estas críticas "não merecem comentários", retorquiu Santos, neste domingo.
Um concerto de homenagem ao Prémio Nobel da Paz será celebrado na noite deste domingo no Telenor Arena, nos arredores da capital norueguesa. Entre outros artistas, está prevista a participação do cantor colombiano Juanes e do britânico Sting. Hoje, em Oslo, Juanes qualificou de "sonho transformado em realidade" o processo de paz na Colômbia, lembrando não sabia o que era viver em paz no seu próprio país. "Eu nasci em 1972 e nunca soube o que é viver em um país em paz", disse Juanes numa curta conferência de imprensa.
A entrega do Nobel da Paz sempre tem um grande impacto na capital nórdica. Prova disso foi a "marcha das tochas", na noite de sábado, em frente ao grande hotel onde se hospeda o presidente da Colômbia, e que é organizada pelo Comité Nobel. Centenas de pessoas com tochas acesas nas mãos "pela paz" juntaram-se debaixo do balcão do hotel, onde Santos saiu para saudar, ao lado de vários membros da delegação colombiana. No sábado, Santos tornou-se o segundo presidente latino-americano em exercício a ser contemplado com o Nobel da Paz, depois do costa-riquenho Oscar Arias, em 1987, por ser o artífice dos processos de paz na América Central.
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