Alexander Smirnov, de 43 anos, foi detido pela primeira vez há duas semanas, acusado de fabricar afirmações sobre supostos pagamentos exigidos por Hunter Biden à empresa ucraniana Burisma, de cuja administração o próprio Hunter fazia parte, para protegê-la de uma investigação quando o seu pai era vice-presidente de Barack Obama.

Smirnov foi libertado sob fiança, mas voltou a ser preso na semana passada pela mesma ordem e os seus advogados exigiram a sua libertação imediata.

No entanto, numa audiência realizada nesta segunda-feira em Los Angeles, o juiz de distrito Otis Wright manifestou a sua preocupação de que Smirnov, com dupla nacionalidade americana e israelita, pudesse fugir.

"Não estou convencido de que existam condições... que garantam que ele não fugirá da jurisdição", declarou. Os procuradores federais argumentaram que Smirnov tinha um histórico de desonestidade e que não há garantias de que retornaria aos tribunais se fosse libertado.

O acusado tem muitos contactos na Rússia e noutros lugares, acrescentaram, e "acesso a mais de seis milhões de dólares [...], dinheiro mais do que suficiente para viver confortavelmente no exterior do país durante o resto da sua vida", segundo os documentos judiciais.

A acusação do grande júri contra Smirnov, que foi revelada este mês, pode atrapalhar o processo de impeachment contra Joe Biden impulsionado pelos republicanos no Congresso, já que apresentaram as versões de Smirnov como prova de que os Biden estiveram envolvidos numa organização criminosa.

A afirmação de que Hunter Biden aproveitou-se do nome do seu pai para benefício pessoal é fundamental para essa narrativa republicana, impulsionada, em grande medida, pelo ex-presidente Donald Trump.

A acusação diz que, durante pelo menos uma década, Smirnov atuou como uma "fonte humana confidencial" para a polícia federal americana (FBI), proporcionando ao seu supervisor informação para investigações, e que parte do que transmitiu era falso.

Uma declaração posterior afirmou que os serviços de inteligência russos foram a fonte da informação falsa que Smirnov tinha transmitido ao seu contato no FBI sobre os Biden. A mesma ressalvou não só que esta situação é antiga, mas que teve continuação e fez parte do suposto esforço para influenciar nas eleições presidenciais de novembro, nas quais Biden provavelmente enfrentará Trump pela reeleição.

"Durante o seu interrogatório sob custódia em 14 de fevereiro, Smirnov admitiu que alguns funcionários associados com a inteligência russa estavam envolvidos na divulgação de uma história sobre [Hunter Biden]", disseram os procuradores na semana passada.

Smirnov enfrenta uma acusação por prestar falsos testemunhos e outra por criar um registo falso e fictício, nas suas gestões relacionadas com uma investigação do FBI.