“Nós, juntamente com o representante judicial de González Urrutia, José Vicente Haro, nas próximas horas, nos próximos dias, estabeleceremos a forma, o horário, a maneira e o local sobre como este caso será encerrado judicialmente”, afirmou William Saab em entrevista à televisão norte-americana CNN.
O procurador-geral explicou que a saída do ex-candidato presidencial da oposição representa uma mudança no processo judicial que lhe foi aberto por alegados crimes no seguimento da contestação dos resultados eleitorais das presidenciais realizadas em 28 de julho.
O magistrado indicou ainda que González Urrutia solicitou uma passagem segura diretamente ao Ministério Público numa carta, o que lhe permitiu viajar para Espanha.
Quando questionado sobre as “coerções e ameaças” que o opositor disse terem motivado a sua decisão de pedir asilo em Espanha, William Saab disse que partiram da líder da oposição, María Corina Machado.
“González foi vítima de pressões do seu partido que o obrigaram a tomar decisões (...) Há uma fratura absoluta nesta oposição extremista”, apontou.
As autoridades venezuelanas emitiram um mandado de detenção contra González Urrutia depois de este não ter respondido a três notificações relacionadas com a investigação.
O asilo político de Edmundo González Urrutia ocorre depois de o Ministério Público venezuelano ter classificado como falsas as atas eleitorais divulgadas na Internet pela coligação de oposição, e dando a vitória ao opositor de Maduro com uma ampla margem.
González Urrutia foi chamado a depor perante o Ministério Público, que o acusou de "alegada prática de crimes de usurpação de funções" e "falsificação de documento público".
Como Urrutia não compareceu, um tribunal emitiu um mandado de detenção.
Pouco depois das declarações do procurador-geral, o advogado de González Urrutia negou que houvesse pressão para que não comparecesse perante a justiça venezuelana.
“De forma alguma isso aconteceu”, disse José Vicente Haro em declarações à CNN.
“A nossa decisão foi não comparecer na notificação número um, na notificação número dois, ou na notifição número três, porque, em primeiro lugar, os factos que se lhe pretendiam imputar não eram de natureza criminal. Em segundo lugar, não cometeu qualquer crime”, argumentou o advogado.
Haro reiterou que González sofria "constantes perseguições e ameaças" contra a sua vida na Venezuela e sublinhou que a partida para Espanha não significa que reconheça os resultados publicados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que designou o atual Presidente, Nicolás Maduro, como o vencedor das eleições.
O advogado disse ainda que o processo de asilo de González Urrutia em Espanha é muito meticuloso do ponto de vista administrativo e pode demorar até uma semana para ser concluído.
O CNE atribuiu a vitória, nas presidenciais de julho, a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirmou que Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança e também por grande parte da comunidade internacional, alegando falta de transparência.
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