"Quando ouvimos dizer que a escravatura durou 400 anos. Quatrocentos anos? Soa a uma escolha", disse o rapper de Chicago, em entrevista ao site de notícias sobre celebridades TMZ, por ocasião do lançamento dos seus dois álbuns mais recentes.
"É como se estivéssemos numa prisão mental. Gosto da palavra prisão porque escravatura relaciona-se diretamente com os negros. Escravatura está para os negros como o Holocausto para os judeus. Prisão é algo que une, negros e brancos", acrescentou.
"Sei, é claro, que os escravos não foram acorrentados e embarcados porque queriam", escreveu mais tarde no Twitter o artista, depois de receber uma saraivada de críticas. Mas "não podemos permanecer mentalmente prisioneiros nos próximos 400 anos", salientou, defendendo "discussões abertas".
"O meu ponto é que permanecemos nessa posição mesmo tendo os números do nosso lado, o que significa que fomos mentalmente escravizados", procurou clarificar, acrescentando que é importante que nas escolas se ensine "como o Magic Johnson [numa referência ao basquetebolista Earvin "Magic" Johnson Jr.] construiu o seu negócio e não sempre sobre o passado. Aliás, nunca ouvi falar de uma disciplina que apresente ideias para o futuro".
O artista, de 40 anos, casado com celebridade Kim Kardashian, voltou a frequentar as redes sociais em abril, depois de uma longa ausência, atribuída a uma depressão e uma hospitalização.
Além de anunciar os seus novos projetos, Kanye West reiterou nesta entrevista ao TMZ o seu apoio ao "irmão" Donald Trump, que considera ser "um dragão de energia", um adjetivo que usa para si próprio. Muitos artistas da comunidade hip-hop, maioritariamente negra e contrária ao presidente republicano, criticaram o rapper, mas "Yeezy" - como é apelidado - recebeu o apoio de alguns conservadores.
Aos presidentes anteriores, todavia, West reserva algumas críticas.
Em 2005, após o devastador furacão Katrina passar por Nova Orleães, West acusou o então presidente George W. Bush de "não prestar atenção nos negros". O seu apoio a Trump, um presidente que chegou mesmo a classificar nações africanas como "países de merda", parece contraditório.
Ontem, admitiu ter-se sentido ofendido porque Barack Obama não o convidou à Casa Branca.
Além disso, em 2009, o presidente democrata, também negro e nascido em Chicago, desqualificou-o pelo seu comportamento nos MTV Video Music Awards, quando "Yeezy" interrompeu a cerimónia para afirmar que Taylor Swift não merecia ser premiada. Obama "nunca ligou para se desculpar", lamentou o rapper.
"Não diga ao mundo que sou um idiota", disse West, referendo-se às palavras de Obama. "Estou a lutar bastante. Há algo similar entre eu subir a palco e aquilo que tu [Obama] estavas a fazer. Porque estou a lutar para acabar com a simulação, para quebrar com o sistema. Aquilo não fez sentido", lamentou.
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