Ao contrário de anos anteriores, em que o processo de abertura é acompanhado de perto por milhares de pessoas, a operação deste ano juntou poucas dezenas de curiosos, no areal, que conseguiram assistir ao encontro das águas.
Coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o processo consiste na abertura de um canal que “estabelece a ligação entre as águas do mar e as da lagoa”, que, este ano, devido às chuvas, “está bastante cheia”, explicou à agência Lusa Isabel Pinheiro, chefe de divisão do litoral da Administração Regional Hidrográfica (ARH) do Alentejo.
“Este ano a extensão do canal é mais reduzida, cerca de 250 metros, porque a lagoa está mais cheia do que em anos anteriores, mas a largura é de cerca de 20 metros para permitir o escoamento da água”, acrescentou a responsável.
A operação tem como objetivo “promover a renovação da água, para que haja o esvaziamento destas águas, que já estão aprisionadas desde o ano passado e já têm muita matéria orgânica, e o reenchimento com a água do mar”.
“Depois, vai juntar-se com a água doce que vem das duas ribeiras tributárias para que os níveis de oxigénio e os outros parâmetros ambientais sejam adequados. Queremos que o plano de água esteja em condições de enfrentar o verão, que é a altura mais crítica para este tipo de ambientes”, esclareceu.
Nesta altura do ano, “entram [na lagoa] muitos peixes juvenis, com interesse comercial, e que enriquecem a fauna piscícola da lagoa”, sublinhou.
Este ano, a APA, que conta com o apoio do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a colaboração da Capitania do Porto de Sines, “não tem uma previsão” do período em que a lagoa vai permanecer aberta, mas indicou que o “ideal seria pelo menos um mês” para “a renovação ser eficaz”.
“Se ela fechar mais cedo do que os trinta dias, temos previsto uma reabertura novamente com os meios mecânicos”, garantiu.
Já a abertura da Lagoa de Melides, no concelho de Grândola, estava prevista para o final deste mês, “mas, como abriu espontaneamente e se mantém aberta, em princípio, estamos a equacionar cancelar a operação, porque a natureza deu uma ajuda”, acrescentou a responsável.
O ano passado, a abertura da Lagoa de Santo André estava programada para março, mas, devido à pandemia de covid-19, a operação acabou por ser adiada para o mês de junho.
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