"Conclui-se com elevada probabilidade que a fonte da infeção estará no perímetro do hospital", disse Graça Feitas em conferência de imprensa, citando os vários estudos e peritagens realizados para esclarecer a origem do surto, que já provocou cinco mortos e tem hoje um balanço de 54 casos confirmados.
O primeiro caso de doença dos legionários no hospital São Francisco Xavier ocorreu a 31 de outubro. Até hoje, o dia com mais casos confirmados foi 4 de novembro (12 casos).
Hoje em conferência de imprensa, no mesmo dia em que foi entregue ao Ministério Público um relatório preliminar que resume a evolução dos acontecimentos, Graça Freitas disse que “há uma forte probabilidade” de se saber a fonte da infeção mas recusou-se a especificar se foi numa torre de refrigeração de ar condicionado, apesar da insistência dos jornalistas.
A responsável frisou que foram tomadas medidas de correção, quer na rede de água quer nas torres de refrigeração, e disse que “tudo indica que o surto vai entrar em fase de resolução” ainda que sejam possíveis mais alguns “casos isolados” nos próximos dias.
“Fizeram-se intervenções imediatas em toda a rede onde podia haver 'legionellas'. Encerraram-se fontes, houve choques térmicos e químicos” e se a origem foi “na torre A ou B é irrelevante porque foram tomadas medidas”, disse a diretora-geral da Saúde.
O alerta sobre casos de 'legionella' no Hospital São Francisco Xavier foi dado no dia 3 mas Graça Freitas admitiu “que possam ter havido infeções ainda no dia 4”.
A responsável disse também que dos 54 casos confirmados de 'legionella' há quatro que “carecem de maior investigação” até porque não há a certeza de fazerem parte do surto do Hospital. O Instituto Ricardo Jorge, cujo presidente, Fernando Almeida, esteve na conferência de imprensa, está a fazer análises.
Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS) a investigação epidemiológica e laboratorial ainda decorre, sendo certo que a primeira colheita de amostras em pontos dos circuitos de água e das torres de arrefecimento do Hospital foi feita em 3 de novembro e que na madrugada de 4 de novembro foram conhecidos os primeiros resultados.
O Instituto Ricardo Jorge também “iniciou de imediato análise às amostras respiratórias e ambientais relacionadas com o surto”, pelo que se concluiu que as estirpes recolhidas nas pessoas e no ambiente eram idênticas. Graça Freitas disse que as bactérias encontradas nas amostras recolhidas eram "indistinguíveis", mesmo recorrendo às técnicas mais sofisticadas.
Foi também feito um estudo estatístico de previsão da evolução epidemiológica do surto, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera estudou as características atmosféricas e a Agência Portuguesa do Ambiente fez simulações da dispersão atmosférica na zona envolvente do Hospital, diz também a DGS.
Foram até agora infetadas 54 pessoas tendo morrido cinco e estando ainda em unidades de cuidados intensivos sete pessoas. Já tiveram alta 15 pessoas.
A ‘legionella’ é responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até 10 dias.
A infeção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.
[Artigo atualizado às 20:53]
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