“Este acordo, que proponho e pelo qual lutarei dentro do meu partido, olha para as próximas autárquicas como as primeiras eleições – e por isso, as mais fundamentais – em que vamos a jogo num clima extremado, populista e perigoso”, escreve Alexandre Poço, numa carta aberta dirigida a Rui Rio, Francisco Rodrigues dos Santos e João Cotrim Figueiredo e divulgada hoje pelo jornal I.
Na carta, o líder da JSD sublinha a “mudança acelerada em que o sistema partidário português se encontra”, dizendo que esta transformou o debate político “numa discussão extremada e populista, onde parece prevalecer quem grita mais alto ou quem insulta com mais intensidade os adversários”.
“O bom senso e a moderação não têm tido dias fáceis. Os populistas ganham força, contaminam o debate com soluções simples e miraculosas para problemas complexos”, insiste Alexandre Poço.
O líder da JSD diz que "ainda há tempo" para os três partidos encontrarem “pontos comuns” para este acordo de âmbito nacional.
“O pior que nos pode acontecer é ter um debate público e escolhas políticas extremadas. Um debate político em que todos os problemas são de resolução binária, onde só existe ‘o contra’ e o ‘a favor’, o ‘sim ou não’ e em que passamos demasiado tempo a discutir as intenções maliciosas dos nossos adversários”, escreve.
Na carta aberta, Alexandre Poço diz que “ser moderado começa a ser a posição mais radical e difícil”.
“Apenas agindo podemos evitar um caminho sem retorno, uma espiral de crescente intensidade, uma estrada que extrema a sociedade de tal forma, em que a razão, os factos e a verdade deixam de ter lugar à mesa”, sublinha.
Alexandre Poço diz que o "apelo populista” aos cidadãos “pode e deve ser vencido” e que os três partidos não podem permitir “que o extremismo se torne o 'mainstream'”.
“Nenhuma alternativa viável e positiva para resolver os problemas do nosso país virá dos extremos, da extrema-direita ou da extrema-esquerda”, considera Alexandre Poço, defendendo que o país precisa de “políticas que diminuam as injustiças sociais, as assimetrias territoriais e que retirem pessoas da crónica pobreza, consagrando uma verdadeira igualdade de oportunidades”.
“Não acredito que com esta solução governamental - ora mais às claras, ora mais às escuras – de PS, BE e PCP, seja possível caminhar neste sentido. Com o PS atrelado à extrema-esquerda e aos seus dogmatismos, não vislumbro a possibilidade de ter a esquerda moderada neste caminho”, acrescenta.
Na carta aberta dirigida a Rui Rio, Francisco Rodrigues dos Santos e João Cotrim Figueiredo, o líder da JSD defende que o país precisa de “uma reposta diferente” e de “arrojo no combate aos extremismos e na construção de uma alternativa às esquerdas”.
“Acredito que o centro-direita moderado e civilizado pode e deve agir, enquanto é tempo”, defende o social-democrata, acrescentando: "Olhar para as próximas eleições autárquicas como business as usual, preocupados mais com o interesse particular de cada um dos nossos partidos, sem entender o que está a acontecer ao centro-direita será um erro, que poderá trazer consequências graves e duradouras para o sucesso de uma alternativa, mas também para o futuro da nossa democracia e da nossa sociedade.
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