O social-democrata José Eduardo Martins, que encabeçou a lista para a presidência da Assembleia Municipal de Lisboa nas últimas autárquicas, anunciou na quinta-feira à noite que iria suspender o seu mandato, depois de ter sido confrontado com uma lista alternativa para liderar a bancada, encabeçada pelo presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton, que considerou ter sido promovida pelo líder da distrital, Pedro Pinto.
“Eu não patrocinei lista nenhuma à bancada da Assembleia Municipal de Lisboa, são os deputados à Assembleia Municipal que escolhem os candidatos”, afirmou Pedro Pinto, questionado pela agência Lusa.
No entanto, o líder da distrital de Lisboa do PSD admitiu que Luís Newton o contactou previamente e o questionou se veria algum inconveniente nessa candidatura à liderança da bancada da Assembleia Municipal.
“Como é obvio, disse que não, desde logo porque é um jovem quadro do partido (…) e também porque tivemos um muito mau resultado na cidade de Lisboa, mas nas juntas tivemos um bom resultado e o melhor até foi produzido pelo Luís Newton”, justificou.
Pedro Pinto salientou que, pelo menos nos últimos 20 anos, não existe em Lisboa a tradição de o candidato a presidente da Assembleia Municipal liderar a bancada, mas admite ser natural a ambição de José Eduardo Martins nesse sentido, lamentando que tenha acabado por não ir a votos.
“Em democracia, as coisas funcionam desta maneira e não doutra”, disse, lembrando que a decisão cabe apenas aos deputados municipais.
“Mas porque não gosto que as coisas fiquem pouco claras, se eu fosse membro da Assembleia Municipal eu votaria no Luís Newton”, acrescentou Pedro Pinto.
Na eleição, em que participaram 10 dos 12 deputados municipais do PSD em Lisboa Luís Newton acabou por ser o único a ir a votos e conseguiu sete votos.
Em declarações à Lusa na quinta-feira à noite, José Eduardo Martins referiu que decidiu suspender o seu mandato por ter sido confrontado pouco antes da eleição com uma lista alternativa – já era pública a sua candidatura à liderança da bancada municipal - afirmando que “não se é meio general num exército de 12”.
“Eu tinha-me disposto a liderar a bancada na semana passada, o que é uma responsabilidade natural de quem se candidata, e parecia tudo bem. Houve uma pessoa, um presidente de junta, que não tendo falado comigo antes, me disse uma hora antes da Assembleia que tinha falado com o presidente da distrital e que era candidato”, declarou José Eduardo Martins, acrescentando que “o PSD não precisa de mais confusão em Lisboa”.
Questionada pela Lusa, a candidata do PSD à Câmara Municipal de Lisboa nas últimas autárquicas e atual vereadora, Teresa Leal Coelho, escusou-se a fazer qualquer comentário sobre esta situação, invocando o respeito pela separação de poderes dos vários órgãos municipais.
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