Em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião com o diretor executivo da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), o presidente da LPB, António Nunes, disse que será realizada uma nova reunião para encontrar uma solução “estrutural”.
“Ficou decidido no próximo dia 18 às 15:00 fazer uma reunião entre a DE-SNS, LPB e INEM para encontrar soluções (…). Somos pessoas de bem e queremos o diálogo e não fazia sentido que continuássemos a insistir numa situação antes da reunião”, disse António Nunes.
A reunião vai realizar-se nas instalações da DE-SNS, no Porto.
Mostrando-se “esperançado” em chegar a uma solução, e salvaguardando que a DE-SNS “reconheceu o trabalho imprescindível dos bombeiros”, o presidente da Liga disse não ter medo que a situação seja adiada de reunião em reunião.
“Não temos medo. Estamos aqui num clima de tentar encontrar soluções para todas as organizações. Os bombeiros existem para socorrer pessoas, o SNS existe para tratar pessoas. Tivemos uma reunião em que reconhecemos que há um problema para resolver. Há vontade da DE-SNS para encontrar soluções”, referiu.
António Nunes adiantou que serão enviadas “cinco ou seis propostas concretas” à DE-SNS, mas não confirmou se entre essas propostas está a criação de mecanismos de retaguarda aos hospitais, estruturas semelhantes às que foram montadas durante a pandemia da covid-19.
“Esperamos entregar até ao final da semana as propostas. Algumas poderão ter de provocar alguma alteração de algum despacho ou portaria”, disse António Nunes sem dar detalhes sobre que alterações poderão ser essas.
A LPB aprovou na segunda-feira a aplicação de taxas aos hospitais pela retenção das macas de ambulâncias nas urgências, a partir de quarta-feira se não for apresentada uma solução pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde.
No final de uma reunião do Conselho Executivo da LPB realizada em Gouveia, no distrito da Guarda, o presidente da Liga descreveu que a decisão foi que “por cada duas horas após a primeira hora são aplicados 50 euros, no segundo bloco de duas horas 100 euros, no terceiro bloco de duas horas 150 euros e depois 150 euros por cada duas além dessas”.
Já em Cantanhede, no distrito de Coimbra, também na segunda-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou incompreensível que os hospitais não encontrem um sistema para evitar a retenção de macas dos bombeiros.
“O que eu acho que é mesmo incompreensível é que nós não sejamos capazes, em todos os hospitais, de organizar um sistema que evite que os bombeiros tenham de ficar à espera para que as suas macas sejam disponibilizadas. É isso que eu espero verdadeiramente seja resolvido”, disse o ministro.
Hoje, à entrada para a reunião, António Nunes falou aos jornalistas e deu vários exemplos de situações complicadas de retenção de macas e ambulâncias.
“Nos últimos 15 dias houve situações em que ambulâncias dos bombeiros ficaram 22 horas à porta de um hospital”, disse o presidente, referindo-se a um caso que aconteceu em Coimbra.
António Nunes também contou que “numa tarde da semana passada, uma corporação da região de Lisboa ficou com sete ambulâncias retidas à porta do hospital”, uma situação que aconteceu no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).
“Se não se encontrarem soluções, os hospitais têm de se organizar de forma a que não sejam os bombeiros a subsidiar o SNS. A retenção de macas e de ambulâncias à porta dos hospitais acarreta prejuízos nas próprias viaturas”, referiu.
Além das regiões do Porto, Lisboa e Coimbra, segundo o presidente da LPB, inspiram preocupação situações em Setúbal e Santarém.
Ainda nas declarações à entrada para a reunião, António Nunes lembrou uma das medidas aprovada pelos bombeiros desde março do ano passado mas que nunca foi executada.
“É não retirar doentes com alta dos hospitais. Posso-vos garantir que se isso acontecer, ao segundo dia fica tudo resolvido”, disse.
A nível nacional, as corporações de bombeiros têm 450 ambulâncias disponíveis para o serviço pré-hospitalar.
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