De acordo com o estudo hoje divulgado, na cidade de Lisboa existem 200 mil lugares de estacionamento para 745 mil carros. Atualmente, entram na cidade mais de 370 mil veículos por dia, aos quais se juntam os mais de 375 mil que “vivem” na capital, resultando a oferta de quase quatro carros para cada lugar de estacionamento.
Desta forma, o Observatório do ACP propõe a criação de uma rede integrada de nove parques de estacionamento dissuasores nos limites exteriores de Lisboa, com uma capacidade de 16 mil lugares.
Estes parques, de acordo com o estudo, situar-se-iam no exterior da cidade ao longo de todo o eixo viário da Circular Regional do Interior de Lisboa (CRIL), entre Algés e o Parque das Nações, que tem sido “desperdiçada” durante o período de maior procura diurna.
Os nove parques de estacionamento propostos seriam nas zonas de Expo/Trancão, com 3.221 lugares, Mercado das Galinheiras (500 lugares), Ikea Loures (1.000), Metro Odivelas (900), Strada Outlet Odivelas (1.000), CC Dolce Vita Tejo (4.000), Ikea Alfragide (1.000), Estádio Nacional (1.800) e Passeio Marítimo de Algés (2.864).
Segundo o estudo, para cada um dos parques deve ser implementado e promovido um conjunto de ligações que incentivem o uso dos transportes públicos com destaque para o metro, comboio e Carris, devendo as ligações assegurar “tempos, condições de conforto e segurança aceitáveis”, situação que, no presente, de acordo com o Observatório, “não se verifica”.
“A verdade é que, no presente, os factos mostram que não há transporte em quantidade, nem qualidade e a cidade também não dá resposta eficiente às centenas de milhares de solicitações de estacionamento”, refere o Observatório.
A somar à falta de estacionamento já existente, o estudo aponta que a zona de Entrecampos vai perder até 76% dos lugares devido à intervenção da Unidade Integrada de Entrecampos, com a anulação de lugares públicos no troço da Avenida 5 de Outubro com a Avenida das Forças Armadas.
“A rede de transportes que serve toda aquela área encontra-se atualmente deficitária, não fazendo parte da solução para a maior parte das viagens geradas pela construção de mais de 700 apartamentos, três creches e um jardim infantil, a que se soma a criação de 138 mil metros quadrados de escritórios e ainda 40 mil metros quadrados de lojas de rua”, refere o estudo.
Para a eficácia da proposta, o Observatório refere ainda a necessidade de avaliar a implementação de corredores dedicados ao transporte público e veículos de partilha em todos os eixos adjacentes a esta rede integrada de parques de estacionamento.
Segundo o Observatório, os parques anunciados em 2017 pela câmara de Lisboa, com novos 4.555 lugares de estacionamento, não veem travar a entrada de mais viaturas no centro da cidade, nem diminuir os volumes de tráfego ou os níveis de poluição.
“Deste conjunto de sete parques, o da Ameixoeira foi o primeiro a abrir. O parque da Pontinha está em vias de conclusão, bem como o parque de Chelas. A somar a estes, está prevista, ainda, a construção de parques periféricos no Areeiro, com 300 lugares, na zona de Pedrouços, com 50, e ainda junto aos estádios de Alvalade e da Luz", lê-se no documento.
Excluindo os parques da Pontinha, com 2.200 lugares, e de Pedrouços, os restantes estão “no interior da malha da cidade”, o que não permite dissuadir a entrada dos veículos em Lisboa, refere o estudo.
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