“Eu continuo a temer pela minha segurança pessoal, mas o que é que a gente há de fazer? Enquanto estamos vivos, temos que saber lidar com esse medo e a cada passo temos de avaliar se o medo nos domina ou se nós o controlamos”, disse o ativista, em declarações aos jornalistas, em Bruxelas.
“Há várias formas de repressão e várias formas de estarem atentos e nos monitorizarem e, eventualmente, se acharem que é mais útil, silenciarem-nos”, acrescentou, reconhecendo que “toda a atenção mediática acaba por nos proteger um pouco mais”.
Questionado sobre a sua participação num debate sobre a situação dos direitos humanos em Angola, na subcomissão parlamentar dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu (PE), Beirão salientou que veio a Bruxelas falar do percurso dos ativistas “enquanto cidadãos que lutam em Angola por um Estado plural, democrático, de direito”.
“Venho falar das eleições que vão acontecer este ano em Angola, venho falar da relação entre a União Europeia e Angola”, disse ainda.
“Normalmente, é em ano de eleições que começa a haver espaço para a intolerância política, há mais perseguições, há mais tensões, mais escaramuças, eventualmente repressões que podem acabar em mortes, inclusivamente”, acrescentou, exemplificando com um ataque a uma caravana de deputados no sul de Angola, há uns meses.
“A tensão vai aumentar até às eleições”, considerou.
Luaty Beirão foi um dos 17 ativistas detidos em junho de 2015 por estarem juntos a ler e a debater o conteúdo do livro de Gene Sharp “Da Ditadura à Democracia”, tendo sobrevivido a duas greves da fome, uma das quais de 36 dias.
Os jovens foram condenados a penas de prisão efetiva entre dois anos e três meses e oito anos e seis meses, por atos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores e libertados a 29 de junho de 2016 por decisão do Tribunal Supremo, que deu provimento ao ‘habeas corpus’ apresentado pela defesa, pedindo que aguardassem em liberdade o resultado dos recursos da sentença da primeira instância.
Foram depois abrangidos por uma amnistia, prevista numa lei aprovada pelo parlamento angolano.
Em setembro de 2015, o PE aprovou uma resolução sobre os direitos humanos em Angola.
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