Numa nota de imprensa, aquela autarquia do distrito de Santarém revelou que a candidatura, com um valor de 380 mil euros e que pode contar com financiamento, entre outros fundos, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), vai permitir “intervir” e dar “apoio e resiliência” a 10 aldeias localizadas em territórios vulneráveis de floresta: Arganil, Moita Ricome, Freixoeiro, Freixoeirinho, Galega, Feiteira, Rouqueira, Vale de Grou, Venda Nova.
O município, um dos mais atingidos historicamente por grandes incêndios, indicou, em nota informativa, que este projeto permite intervir na “reconversão das áreas florestais em áreas agrícolas e agro-silvopastoris, criando faixas de gestão de combustível (FGC) em redor das áreas edificadas” destas aldeias.
“Com esta operação pretende-se melhorar a gestão e o ordenamento dessas zonas, diminuindo a carga de combustível aí existente e, consequentemente, a severidade dos incêndios rurais, garantindo a segurança de pessoas, bens e animais”, salienta.
De acordo com o sítio na Internet da Direção-Geral do Território, este programa visa “dar apoio e resiliência às aldeias localizadas em territórios vulneráveis de floresta”, através de um “conjunto de ações destinadas a assegurar a alteração do uso e ocupação do solo e a gestão de combustíveis em redor dos aglomerados populacionais”.
À agência Lusa, o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela (PSD), esclareceu que esta candidatura “é complementar aos projetos aprovados e já iniciados das AIGP – Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, incidindo exclusivamente sobre aldeias que se encontram fora da abrangência destas” AIGP.
“Nesta candidatura estão envolvidas 10 aldeias. Aquilo que nós fizemos, nesta fase, foi tentar identificar aquelas que tinham, eventualmente, mais perigo de incêndio, e também tentar uma dispersão geográfica com alguma equidade pelo território”, afirmou, tendo lembrado um total de 122 aldeias dispersas por um território com uma mancha florestal.
"É bom que se refira que, destas 122 aldeias, ou aglomerados urbanos, muitas delas têm um grande perigo, por todos reconhecido. Acontece que a grande maioria [dos aglomerados] estão em áreas integradas de gestão da paisagem, razão pela qual não fará sentido estarmos a fazer candidaturas para o condomínio de aldeia e termos feito esta opção”, notou.
Segundo vincou Estrela, “aquilo que se pretende é efetivamente dar maior segurança, maior tranquilidade, e termos a certeza que as pessoas estão mais tranquilas e podem não correr riscos e abandonarem os seus locais e as suas habitações, se se proporcionar alguma situação de perigo”.
Com 41 mil hectares (ha) de área, 122 lugares e aldeias onde residem cerca de sete mil habitantes e 90% de mancha florestal, Mação tem um cadastro territorial que identifica mais de 20 mil proprietários de pequenas parcelas de terreno (minifúndio), com 0,7 hectares, tendo iniciado este ano a operacionalização de um processo de transformação da paisagem.
Mação tem hoje, no total, nove Operações Integradas de Gestão da Paisagem (OIGP) em curso, duas delas em operacionalização desde maio (Ortiga e Envendos/S. José das Matas), correspondentes a cada AIGP, desenhadas para um total de cerca de 20 mil ha (metade do território concelhio) envolvendo muitas centenas de proprietários e mais de 14 mil parcelas de terreno.
Apesar do trabalho desenvolvido e em curso na floresta, Vasco Estrela diz que o concelho não está seguro e que há “muito trabalho para fazer” ao nível da paisagem.
“Não, não estamos mais protegidos, nem estamos mais seguros, estamos com um grande risco de que alguma coisa possa correr mal. Portanto, acho que há muito para fazer… O trabalho de base, algum, está feito, mas há muito trabalho para fazer até podermos considerar que temos um concelho livre de riscos”, concluiu.
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