São mais de 100 mil euros de despesas que não estão justificados, nomeadamente gastos de 94 mil euros sem “suporte documental” e levantamentos num total de 15 mil euros. A notícia foi avançada esta quinta-feira pelo Correio da Manhã.

A atual direção da AAFDL emitiu um comunicado a “esclarecer” que o processo de auditoria se refere ao período de 2014 a 30 de abril de 2019, “não incluindo, portanto, o exercício da atual Direção”, que tomou a 10 de maio deste ano.

Filipe Gomes, atual presidente da direção, faz questão de lembrar que “a falta de suporte documental” não significa que os gastos digam respeito a atividades fora do âmbito associativo. “É isso que tem de ser avaliado com todo o rigor”, reforça.

“A atual direção está empenhada em identificar os problemas antigos de falta de suporte documental e em corrigi-los”, garante Filipe Gomes no comunicado.

Porque foi pedida a auditoria?

Embora os estatutos “não obriguem a que haja auditoria”, “obrigam a que haja uma discussão sobre se se justifica ou não”, explicou Filipe Gomes ao SAPO24.

Foi isso que aconteceu numa Reunião Geral de Alunos em 2018. Foi aprovada uma auditoria “com o intuito de se fazer o levantamento a nível de procedimentos internos” da associação, para “perceber como é que os procedimentos de gestão estão organizados e se existe forma de os otimizar”, esclareceu o atual presidente da direção.

A auditoria diz respeito às contas relativas aos anos de 2014 até 2019, ou seja, da direção em funções na altura em que foi aprovada a avaliação das contas e das quatro anteriores.

Filipe Gomes foi presidente do Conselho Fiscal durante o mandato da direção de 2018/2019.

Questionado pelo SAPO24 sobre se tinha dúvidas acerca das contas apresentadas pelas direções, Filipe Gomes respondeu que apenas "existia uma necessidade" de ter "noção de como estava o sistema". A auditoria "relevaria possíveis insuficiências do mesmo", acrescentou.

"O próprio Conselho Fiscal, em sede de Reunião Geral de Alunos, expressou na altura todas as reservas que podia ou não ter sobre o relatório", afirmou.

Reforçando que não está em causa uma questão de desconfiança, Filipe Gomes é da opinião de que as auditorias acabam por ser mais indicadas para uma leitura "perita" e "cabal" das contas.

"Se se revelar que existiu algum caso que merece uma atenção mais pormenorizada, será entregue a quem de direito. Mas não existe razão nenhuma para desconfiarmos ou acusarmos alguém antes de findo o processo", fez questão de sublinhar Filipe Gomes.

O SAPO24 tentou contactar, sem sucesso, Francisco Sant'Ana, presidente da anterior direção.

O que se segue?

O processo de auditoria ainda está em curso, “decorrendo neste momento a fase de contraditório”, informa o comunicado enviado hoje aos jornalistas.

O relatório preliminar da auditoria foi apresentado na Reunião Geral de Alunos, na passada terça-feira, dia 26 de novembro, onde estiveram presentes os anteriores dirigentes, informa o comunicado.

Nesta reunião, cuja ata ainda não está disponível, os anteriores dirigentes “iniciaram algumas justificações”, informou ao SAPO24 Filipe Gomes.

Este foi o primeiro momento do processo de contraditório, que não tem data prevista para terminar.

Durante este processo, as anteriores direções são chamadas a explicar os motivos das despesas não documentadas, nomeadamente através da entrega de faturas ou outros documentos.

“Quando a auditoria estiver concluída avaliaremos as suas implicações, as quais serão comunicadas a quem de direito”, diz o comunicado enviado aos jornalistas.

Questionado sobre as possíveis consequências, caso não sejam apresentadas justificações que expliquem as despesas, Filipe Gomes adiantou que será reunida uma "equipa do departamento jurídico" para "definir as linhas de ação" que poderão ser tomadas.