A manifestação convocada pelo Movimento Ibérico Antinuclear (MIA), que reúne organizações espanholas e portuguesas, inicia-se ao final da tarde de sábado e vai percorrer cerca de dois quilómetros, entre a estação da Atocha e a praça Puerta del Sol, no centro da cidade.
A organização espera “muitos milhares” de manifestantes portugueses, espanhóis e outros europeus para “a manifestação ibérica contra as centrais nucleares, contra a construção de cemitérios nucleares, contra a unidade de Almaraz”, disse hoje à agência Lusa Nuno Sequeira, vice-presidente da Quercus, uma das associações que estão no MIA.
“Vamos ter certamente uma grande presença de portugueses, à semelhança do que tivemos há um ano em Cáceres,” para os cidadãos “mostrarem aos dois governos que não querem energia nuclear, querem que o Governo espanhol anuncie imediatamente o encerramento dos centrais nucleares ainda em laboração e defina um calendário com tempo” para esse objetivo, salientou o ambientalista que falava em nome do MIA.
Para o movimento ibérico, “não faz sentido algum adiar este tipo de decisão”, permitindo que as centrais continuem a funcionar e sejam “um perigo para a Península Ibérica e para toda a Europa”.
Os portugueses vão deslocar-se a Madrid em autocarros disponibilizados pelas organizações do MIA, atualmente oito, número que pode ainda aumentar para receber as inscrições dos mais retardatários, mas também de comboio ou de avião.
Do Governo português, do atual e dos anteriores, o MIA queria que “fosse mais firme e incisivo” e Nuno Sequeira referiu que, em relação ao executivo em funções “havia mais esperança de que fosse mais além”.
Defendeu ainda que a queixa apresentada por Portugal em Bruxelas e depois retirada devia ser novamente colocada porque “Almaraz continua a funcionar e o armazém de resíduos nucleares continua a ser construído” e Espanha “irá insistir no prolongamento da vida da central”.
Com o adiamento do prazo para o pedido de licença para prolongar Almaraz decidido por Espanha, pode-se “estar a falar de dois anos, mais o espaço que vai mediar o pedido, a tomada de decisão do governo espanhol e a comunicação, depois as empresas, se a resposta for negativa, terão de adaptar o funcionamento a um encerramento faseado”, explicou Nuno Sequeira.
Assim, “Almaraz dificilmente encerrará em junho de 2020, contrariamente ao que seria necessário”, concluiu.
A possibilidade de a central de Almaraz, localizada a cerca de cem quilómetros da fronteira portuguesa, ter licença para prolongar o funcionamento além de 2020 e a construção de um armazém para resíduos nucleares perto da unidade, tem suscitado oposição em Portugal e em Espanha.
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