"O ressurgimento, o renascimento industrial da Europa é fundamental", afirmou o chefe de Estado, num discurso transmitido na sessão de encerramento de uma cimeira da organização empresarial Cotec dedicada a este tema.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, face à pandemia de covid-19 "a Europa mostrou-se incapaz de produzir máscaras, de produzir material sanitário em tempo, em condições de concorrência com o resto do mundo, pelo menos, com uma parte do resto do mundo".
"E teve de ir a correr, não direi mendigar, mas negociar em posição difícil, atropelando-se, para logo a seguir perceber que era necessário ter esse tipo de resposta industrial no quadro do continente europeu. Ou seja, a Europa percebeu que está à beira de perder aquilo que não pode perder, que é a indústria, um papel liderante na indústria", considerou.
Questionando se ainda há tempo para se fazer essa reindustrialização, o Presidente da República deu logo em seguida a resposta: "Ainda vamos a tempo, mas estamos a perder tempo e, a partir de um determinado momento, é tempo irremediavelmente perdido. Mas temos de agir".
"É nosso papel sermos catalisadores positivos desta mudança, porque é uma mudança convencer a Europa que tem de se reindustrializar, e é agora, não é mais tarde. E não é uma questão de conjuntura, não é uma questão de mera sobrevivência, é uma questão estrutural, a médio e longo prazo", reforçou.
"Quanto mais cedo começarmos, mais hipóteses teremos de sucesso", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, apelando: "Recomecemos, e recomecemos já".
Segundo o chefe de Estado, esta é uma matéria "tão urgente" também por causa da atual conjuntura geopolítica, que descreveu como "um momento em que as relações transatlânticas são em muitos casos complexas e diferentes do que eram no passado", em que "a Rússia se converte de um poder global num poder regional, embora muito pró-ativo", e em que "a estratégia de longo prazo da China ela própria sofreu os efeitos da gestão da pandemia".
No seu entender, a pandemia de covid-19 veio comprovar que "a cooperação internacional e o multilateralismo são inevitáveis" e mostrou "poderes globais e regionais que são mais fracos do que pareciam, com sistemas políticos que são muito mais fracos do que pareciam".
"Essa foi outra lição desta pandemia até agora: mesmo os países mais fortes, que se consideravam imunes, não eram imunes, mesmo os líderes mais fortes, mesmo os sistemas mais fortes mostraram a dificuldade patente na gestão de realidades que apelavam ao improviso, que apelavam à inovação, que apelavam a meios e a tempos e a modos diversos daqueles a que todos estávamos habituados", disse.
No plano europeu, o Presidente da República insistiu na importância de "uma Europa unida, que antecipe acontecimentos, não vá a reboque", e que "não adie decisões" na resposta à pandemia e à crise económica e social que esta provocou.
"Que perceba o que está a mudar no mundo e o que está a mudar na liderança e que consiga, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio financeiro, nomeadamente o equilíbrio orçamental, em termos de médio longo prazo, mas não esqueça a prioridade da recuperação económica e social, do crescimento económico, do investimento do emprego e, portanto, da produtividade e da competitividade", prosseguiu, concluindo: "Isto exige apostar, meter a cabeça e agir rapidamente".
[Notícia atualizada às 20h44]
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